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O mensalão no STF
Dirceu Cardoso Gonçalves
17/06/2011 | 07:28
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Seis anos depois do surgimento do escândalo do Mensalão - nome dado à propina que o governo pagou aos parlamentares que votaram em seus projetos - o tema chega à fase final no Supremo Tribunal Federal. Trinta e oito réus, a maioria deles parlamentares, têm de apresentar as alegações finais e depois seus destinos serão decididos pelos ministros da mais alta corte do País. Até agora só foram punidos José Dirceu - que perdeu o posto de chefe da Casa Civil e depois teve o seu mandato de deputado cassado e os direitos políticos suspensos até 2015 - e Silvio Pereira, secretário-geral do PT, ambos como operadores do sistema e distribuidores das benesses.

Os beneficiários, que venderam seus mandatos, continuam cobertos pelo manto do corporativismo e da impunidade, alguns guindados a funções da mais alta relevância. Já se vai muito tempo desde o surgimento do termo mensalão, divulgado pelo ex-deputado Roberto Jefferson, um dos 38 réus do processo que agora chega à fase final. Da forma que chegou ao conhecimento da população, é um dos episódios mais asqueirosos da vida nacional. Parlamentares que, na busca dos votos do povo, assumiram o compromisso de cuidar dos interesses da coletividade e venderam seus votos para o governo.

Esses senhores têm agora a última oportunidade de apresentar boa justificativa para seus atos até o momento tidos como desleais e imorais perante a sociedade. Dificilmente conseguirão convencer aos ministros de que, recebendo dinheiro ou benesses para direcionar seus votos conforme o interesses do pagador, estavam dando cumprimento às suas obrigações para com o eleitor e o povo brasileiro. Mas todos têm o direito de se defender, ainda que o ato praticado seja indefensável.

Os ocupantes de postos executivos - presidente, governadores e prefeitos - têm a tarefa de governar e o parlamento - senadores, deputados e vereadores - são encarregados da fiscalização dos atos do Executivo. Todos exercem seus mandatos em nome do eleitorado que os sufragou nas urnas. Será muito difícil convencer que o povo, ao votar, deu delegação para o Executivo ‘comprar' parlamentares e para os parlamentares ‘venderem' seus votos. Aguardemos, pois, a decisão do STF. Com a certeza de que, não demora muito tempo, também teremos a conclusão do processo relativo ao Mensalão mineiro. Em ambos os casos, o povo está atento e à espera de Justiça.

 

Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente e dirigente da Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo




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