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Tortoise em Sampa
Gislaine Gutierre
Do Diário do Grande ABC
04/09/2006 | 20:05
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Hipnótico, experimental, sensorial. Difícil encontrar adjetivos ou rótulos que caibam na Tortoise, mas a verdade é que a banda de Chicago, que se apresenta somente nesta terça-feira e nesta quarta-feira no Sesc Santana, em São Paulo, é atração das mais recomendáveis a quem busca novidades sonoras. Os shows têm preços acessíveis (R$ 24 o bilhete inteiro) que destoam muito do exorbitante valor geralmente cobrado em espetáculos de artistas estrangeiros.

Claro que estamos falando de uma banda que não fará necessariamente o povo cantar, dançar ou pular durante a uma hora e meia prevista de show. A Tortoise está longe de ser pop. O som é instrumental, cheio de texturas e com andamento geralmente lento.

É considerada post-rock, gênero característico do início da década passada, quando algumas bandas começaram a misturar elementos do rock alternativo com o rock progressivo, jazz e música eletrônica. Desde que a Tortoise surgiu, já se foram 16 anos. A ‘fórmula’, se é que isso existe na banda, consiste em tomar instrumentos convencionais como base – baixo, guitarra e bateria – e a eles acrescentar vibrafone, piano, percussão e elementos eletrônicos,

Nesta turnê. o quinteto de Chicago chega embalado pelo lançamento do box-set A Lazarus Taxon, com três CDs e um DVD que fazem um resumo das “atividades extra-curriculares” dessa quase década e meia de atividade. São EPs, faixas bônus e outras composições colhidas aqui e ali. O que não significa que farão o show calcado em ‘lados b’. O set lista, aliás, ainda é surpresa.

O disco anterior também é recente, de 2006: The Brave and The Bold, que começa com Cravo e Canela, uma versão cheia de guitarra e ritmos latinos da música de Milton Nascimento – com direito a trechos cantados em português. É um disco de covers, cantado porque tem a participação do cantor de country Will Oldham, conhecido também como Palace, Bonnie Prince Billy e outras alcunhas.

A discografia da Tortoise conta com seis discos, dos quais apenas os quatro primeiros foram lançados no Brasil, todos pela gravadora Trama. Mas é possível adquirir os dois mais recentes, com importação pela internet. A dica, neste caso, é ouvir TNT, lançado originalmente em 1998 e considerado o melhor daquele ano pela imprensa inglesa e norte-americana. Outros álbuns de destaque são Millions Now Living Will Never Die, de 1996, e Standards, de 2001.

Brasil – A formação reúne John McEntire (bateria, vibrafone, teclados e guitarra), Dan Britney (baixo, guitarra, percussão, teclados e sax barítono), John Herndon (bateria, vibrafone e teclados), Jeff Parker (guitarra e baixo) e Doug McCombs (baixo e guitarras).

Para eles, o Brasil e sua música não são mistério. Eles já fizeram shows em São Paulo em 1999, E, além de gravar Cravo e Canela no álbum já citado, assumem ter influência da música produzida aqui na década de 60 e do tropicalismo. Jeff Parer e Dan Britney produziram e participaram de uma das faixas do disco Rádio S.A.M.B.A., da Nação Zumbi.

Além disso, a Tortoise foi banda de apoio para Tom Zé em uma turnê nos Estados Unidos, em 1999. O baiano é fã declarado do trabalho dos rapazes: “Eles não fazem canções nas quais a parte A segue a parte B”, disse, em uma entrevista ao jornal norte-americano The New York Times, publicado à época. “Vão divagando, como se flutuassem suavemente nas nuvens. É como uma pesquisa musical, dotada de uma matemática que dá uma reviravolta na álgebra.”

Um encontro curioso, que fez McEntire declarar, ao mesmo jornal, que a maioria das canções acompanha bem o padrão, “no sentido verso-coro-verso”, mas “há um mundo de pequenas coisas, pequenas torções e reviravoltas rítmicas que fazem a gente dizer: ‘ Como é que isso foi feito?’”. McEntire também participou de Postmodern Platos, compacto duplo de remixes de canções de Tom Zé.

Tortoise - Show. Nesta terça-feira e nesta quarta-feira, às 21h. No Sesc Santana - av. Luiz Dumont Villares, 579. Tel. 6971-8700. Ingr.: R$ 24, R$ 18 (usuários), R$ 12 (estudantes e maiores de 60 anos) e R$ 10 (comerciários).



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