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Tecnologia é a 'arma' das empresas contra os roubos
Do Diário do Grande ABC
19/06/1999 | 16:35
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Uma verdadeira operaçao de guerra cuja principal arma é a tecnologia. É nisso que muitas empresas especializadas no transporte de cargas pelo país apostam para evitar assaltos. Caminhoes rastreados por satélite, computador de bordo, rádio para comunicaçao, botao estratégico no painel, que é acionado em casos de seqüestro do caminhoneiro, e sirene sao alguns dos recursos usados para dar mais segurança ao motorista e evitar prejuízos. A escolta armada também é utilizada, principalmente quando a carga é valiosa e envolve remédios, produto para o qual nao há seguro. Nesses casos, a escolta pode seguir a carga ao destino final ou somente até um ponto determinado na estrada.

Na quarta-feira à noite, a reportagem acompanhou um caminhoneiro no transporte da carga de Sao Paulo ao Rio, pela Rovodia Presidente Dutra. De acordo com a polícia, uma das duas rodovias onde mais ocorrem assaltos. Ao todo, no baú do caminhao estavam armazenadas 13 toneladas de produtos, divididos entre remédios e eletroeletrônicos, avaliados em R$ 200 mil. Toda a viagem foi rastreada por satélite e o trajeto acompanhado por computador localizado na sede da empresa em Sao Paulo, que informa se o motorista segue a rota estipulada. Cada parada também é monitorada.

Saída - As 22h45, o motorista Severino dos Ramos Henrique Souza, o Grilo, de 38 anos, subiu no caminhao e começou a preparar-se. Conferiu se estava tudo certo e, logo em seguida, pegou o computador e pediu permissao para a base para começar seu trajeto. Dois minutos depois, recebeu autorizaçao na tela do monitor para prosseguir viagem. Ele precisa avisar a empresa toda vez que parar.

Antes de ligar o caminhao, todo decorado com imagens de Nossa Senhora Aparecida, o caminhoneiro rezou e pediu proteçao. "Primeiro vêm Deus e Nossa Senhora, depois o computador e a tecnologia", disse. "Todas as fitinhas e santinhos que tenho no caminhao foram abençoados na cidade de Aparecida". Dez minutos depois, o caminhao passou pelo portao da empresa, localizada no Parque Novo Mundo, zona norte, e seguiu viagem rumo à Baixada Fluminense.

O motorista possui curso de direçao defensiva, seus santinhos e o computador. "Assim a gente nao se sente solitário", diz Souza. "Pois sei que, além de Deus, há pessoas me acompanhando durante a viagem".

Ao todo foram duas paradas, uma num posto de gasolina para abastecer o caminhao e a outra 40 minutos depois num posto fiscal. "Como medida de segurança, orientamos o motorista a parar o menos possível", explica o gerente operacional da Empresa de Transportes Atlas, Valdomiro Felippe. "Todas as paradas sao feitas em postos cadastrados pela empresa e tudo é monitorado pelos computadores, até a abertura da porta do baú".

Segundo Felippe, se os computadores mostrarem que o caminhao saiu 150 metros para direita ou esquerda, é imediatamente acionada a corretora de seguros, que vai tomar as devidas providências. "O plano de emergência prevê desde a utilizaçao de helicóptero até a comunicaçao da polícia local".

A viagem de Souza foi tranqüila. Houve apenas alguns poucos pontos de lentidao. No total, o motorista comunicou-se com a empresa ou recebeu mensagem 11 vezes. A última foi às 4h50, horário de chegada ao destino, no Rio.

Quando chegou à empresa, guardou o computador no local destinado, ao lado do câmbio, e agradeceu a Deus e Nossa Senhora Aparecida. "Rezo sempre quando saio e chego de viagem", disse. "A próxima será para o Espírito Santo".




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