Parte avalia que medida dá segurança para foco na crise, mas outra cita pouco impacto na agenda
A decisão pelo adiamento das eleições municipais para novembro dividiu a avaliação dos prefeitos do Grande ABC quanto ao efeito prático da medida tendo em vista o avanço da pandemia do coronavírus. Parte dos chefes de Executivo considera que a iniciativa, aprovada pelo Congresso por meio de PEC (Proposta de Emenda à Constituição), foi acertada e suscita certa segurança para manutenção do foco em torno do combate à crise sanitária, mas outra parcela avalia que a mudança no calendário tem pouco impacto direto na agenda do governo.
A PEC determina que os dois turnos, originalmente previstos para outubro, sejam realizados em 15 e 29 de novembro. Paulo Serra (PSDB), de Santo André, está na lista dos prefeitos que ponderam que o adiamento, em 42 dias, quase nada afeta no momento. “A prioridade total é combate ao coronavírus, atravessar essa pandemia, proporcionando qualidade de vida, atendimento de saúde, salvando vidas. Em paralelo a isso, continuar nosso planejamento, tirando o programa de governo do papel. Calendário eleitoral, questão política, sempre teve pouca influência na nossa tomada de decisões.”
Atila Jacomussi (PSB), de Mauá, seguiu linha semelhante à do tucano, sustentando que a atenção no momento está na pandemia e nas crises social e econômica. “As questões eleitorais, seja em qual tempo for, fazem parte da democracia e enfrentaremos com tranquilidade”, disse o socialista.
Prefeito de São Caetano, José Auricchio Júnior (PSDB) pontua, por sua vez, que a data de 15 de novembro “é aleatória”. “Embora haja embasamento técnico para alteração das eleições, não há precisão de data para controle epidêmico”, citou o tucano, ao criticar que mais de 5.500 prefeitos não foram consultados pelo Congresso. “Respeito a decisão, porém discordo respeitosamente. Os números da pandemia podem piorar ou melhorar, pois seu ciclo é quinzenal, não há garantia de que a situação esteja sob controle na data proposta.”
Orlando Morando (PSDB), de São Bernardo, por outro lado, estima que a decisão pelo adiamento traz maior segurança em relação ao cenário da pandemia no período do pleito. “ Este é o momento de colocarmos a vida e a saúde da população em primeiro lugar e é isso que estamos fazendo. O processo democrático está sendo respeitado, com prazo para que todos os candidatos trabalhem suas propostas e plataformas. Quem desenvolve um bom trabalho não deve se preocupar com a data da eleição.”
O prefeito Adler Kiko Teixeira (PSDB), de Ribeirão Pires, adotou tom parecido ao do correligionário. Segundo ele, aprovação foi acertada do ponto de vista da preservação da integridade física das pessoas e da garantia dos preceitos da democracia. “Apesar disso, sabemos que ainda há riscos e desafios a serem superados. As campanhas deverão ganhar mais espaço em meios digitais, mas precisamos considerar que há locais onde o sinal da internet ainda não está disponível.”
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