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Levantadora de São Caetano vira a melhor do mundo
Eduardo Merli
Do Diário do Grande ABC
22/09/2002 | 22:25
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Transformar dores em glória talvez seja o maior dom do esporte. A recuperação de Ronaldo na Copa, o de Xuxa após a Olimpíada de Sydney são demonstrações de que a raiz de toda alegria se começa na tristeza. A nova página da divina superação do atleta se escreveu em São Caetano. Seu nome? Marcelle. A levantadora do Açúcar União sofreu uma cirurgia no ligamento do joelho direito, que a tirou seis meses das quadras. Na volta, chegou à seleção e de forma meteórica ao título de melhor levantadora do Campeonato Mundial, na Alemanha, o que também significou um prêmio de R$ 319 mil. Um momento mágico para a menina que nasceu e começou a carreira em Minas Gerais para depois defender o Leite Nestlé, BCN e agora o Açúcar União.

“Foi um presente divino mesmo”, define Marcelle, desacreditada por muitos na época que se contundiu. Assim como a seleção que fez parte. O Brasil viajou para a Alemanha, e antes no Grand Prix da Ásia, com uma equipe jovem, com média de idade de 23 anos, sem suas principais estrelas – Virna, Fofão, Valewska, Raquel, Elisângela – que se desligaram da equipe por desentendimentos com técnico Marco Aurélio Motta. Do time medalha de bronze em Sydney só restou Karin Rodrigues. Motta apostava em uma seleção renovada e ganhou. Seu time foi quarto no Grand Prix e chegou a um heróico sétimo lugar, entre 24 países. E poderia ir mais longe se a China resolvesse facilitar resultados para se dar melhor na tabela.

Na terça-feira, Marcelle regressou ao Brasil. Chegou às 5h30 em Guarulhos, mas às 19h30 estava em São Caetano para torcer pelo seu time contra o MRV/São Bernardo. Entre uma olhada e outra para a quadra, ela conversou com o Diário.

DIÁRIO – Você passou por momentos difíceis, chegou a um Mundial e voltou como a melhor de sua posição no mundo. Já deu para pensar no que aconteceu e o que fará com o prêmio de R$ 319 mil que ganhou?
MARCELLE – Ainda não. Esses últimos meses passaram muito rápido para mim. Acredito que ser eleita a melhor levantadora foi um presente divino. Uma recompensa por tudo o que passei. O prêmio em dinheiro para mim ficou para segundo plano diante da oportunidade que tive em defender meu país.

DIÁRIO – Vocês foram muito criticadas antes do Grand Prix pelo fato de as jogadoras mais famosas terem saído e o técnico Marco Aurélio Motta ter levado uma equipe jovem. A boa campanha nas duas competições é uma resposta?
MARCELLE – Não. Recebemos críticas sim, mas não guardei mágoa de ninguém. Apenas representamos o país em uma competição da melhor forma possível.

DIÁRIO – Vocês voltaram de um Mundial com um grupo muito unido, mas há a possibilidade de as veteranas voltarem. Isso não pode criar um clima ruim na Seleção Brasileira?
MARCELLE – Não. Foi muito difícil ficar sem as jogadoras mais experientes neste Mundial. Precisamos do melhor e as receberíamos muito bem se elas voltassem.

DIÁRIO – A manipulação de jogos que a China fez no Mundial deixou o mundo decepcionado com o vôlei feminino. Como foi isso lá na Alemanha, durante a competição?
MARCELLE – O que a China proporcionou foi uma vergonha muito grande para o esporte. E quando soubemos que elas perderam porque queriam nos enfrentar porque éramos teoricamente mais fracos, ficamos com muita vontade de vencê-las. Quase chegamos lá (jogo foi 3 sets a 2 para a China), mas faltou mais experiência.




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