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Frio triunfa em Pernambuco
Da AJB
04/08/2005 | 08:54
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Surpresa e incredulidade. Estas são as primeiras reações quando se sabe que em certos lugares de Pernambuco a temperatura cai para até 5ºC durante o inverno. É difícil acreditar na visão: em pleno agreste, pessoas agasalhadas com gorros e luvas, tomando chocolate quente, bebendo vinho e cachaça, comendo fondue e dançando forró para esquentar.

A inusitada situação é explicada pela altitude. As cinco cidades que compõem o chamado Circuito do Frio pernambucano – Garanhuns, Triunfo, Pesqueira, Taquaritinga e Gravatá – estão entre 400 e 1 mil metros acima do nível do mar. E a temperatura baixa emoldura uma programação cultural intensa, que se estende até meados de agosto.

Se para o público local as principais atrações são shows rotineiros nas capitais – Djavan e Kid Abelha se apresentaram no Festival de Inverno de Garanhuns, por exemplo –, para os turistas vale mais a interação com as cidades. Além do forró pé-de-serra autêntico, é possível esbarrar nas ruas com grupos de maracatu.

Partindo de Recife pela BR-232, a cidade mais próxima é Gravatá, a cerca de uma hora e meia de viagem. Seus chalés e complexos de lazer lembram bastante a paulista Campos do Jordão. O visual é garantido pelo Monte do Cruzeiro, onde uma estátua do Cristo Redentor contempla a cidade do alto, e pelo mirante Serra das Russas, que proporciona uma vista privilegiada da Serra da Borborema. O clima também impulsiona o município na produção de flores, uma das maiores de Pernambuco.

Pegando novamente a estrada em direção a Garanhuns, três paradas fora do Circuito do Frio são recomendadas. A primeira é o Centro de Artesanato e o memorial do xilogravurista J.Borges, em Bezerros. Se o tempo estiver bom, dê um pulo na Serra Negra, onde se pratica turismo de aventura. A terceira parada é em Caruaru. A famosa feira que leva o nome da cidade impressiona pela grandeza. A força do artesanato nordestino está no Alto do Moura, conjunto de ateliês considerado pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) o maior centro de arte figurativa das Américas.

Garanhuns – Terra natal do presidente Lula, a arrumadinha Garanhuns destaca-se pela organização. O relógio de flores não surpreende quem conhece o de Petrópolis, na região serrana do Rio de Janeiro. De diferente, tem-se o vasto parque do Eucalipto e o aconchegante parque Pau Pombo, passeios imperdíveis para quem procura sossego. Do Alto Columinho vê-se toda a cidade após passar por uma Via Sacra de 15 estações.

Indo em direção a Triunfo está Pesqueira, cidade conhecida pela renda e pelos santuários católico e indígena. O de Nossa Senhora das Graças atrai romeiros desde 1936, quando a santa apareceu para duas crianças. Trinta anos depois, o Vaticano reconheceu a história.

Já na Serra do Ororubá está a reserva indígena dos Xucurus e a sagrada Pedra do Reino. Programas ecológicos atraem turistas, como a trilha do Gavião, favorita de alpinistas, e a da Serra de Minas, que passa por entre árvores centenárias e plantas exóticas até culminar em um mirante. Além da cachoeira do Vale das Cascatas, com queda de 6 m, ainda há curiosidades como a Pedra do Dinheiro, que emite som de moedas. Há também guias que levam os turistas às fazendas de café da região.

Triunfo – Com apenas 19 mil habitantes, Triunfo é a cidade mais longe do Circuito do Frio e também a mais alta: 1 mil metros. Partindo da capital, Recife, são seis horas de viagem em meio à vegetação, que nesta época do ano em nada lembra a velha e batida imagem da aridez do Nordeste. A chuva dá uma forcinha e o verde se torna mais exuberante à medida que as serras são vencidas.

Além do clima frio – a temperatura chega a 5ºC –, Triunfo é adornado por construções de arquitetura secular e por um açude em frente ao antigo Cine-Teatro Guarany. A natureza convida para uma subida ao mirante do Pico do Papagaio, o ponto mais alto de Pernambuco, a 1.260 m. De lá, vê-se seis cidades ao redor, além da Cachoeira da Pinga, com nada menos que 50 m de queda d’água. Falando em pinga, Triunfo tem uma larga tradição em produzir cachaças e licores artesanais – sem falar na cobiçada rapadura, principal produto de exportação do município. Mais uma forma prazerosa de driblar o frio.




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