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Allen tem de rebater polêmica em Cannes
Das Agências
15/05/2002 | 20:40
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Woody Allen nem bem estreou no Festival de Cannes, na França, e já teve de rebater uma polêmica. Questionado sobre o boicote de filmes e astros norte-americanos ao festival, proposto na semana passada pelo Congresso Judaico Americano, Allen rechaçou a idéia. O diretor de Hollywood Ending, que abriria nesta quarta o festival, afirmou que esse era o mesmo tipo de protesto usado por nazistas contra judeus antes da Segunda Guerra.

“Acho que qualquer boicote é errado”, afirmou Allen, que é judeu e que nunca havia participado nem de festivais nem de entregas de prêmios (foi ao Oscar pela primeira vez este ano). “Boicotes são exatamente o que os alemães fizeram contra os judeus”, disse. Descartando que a votação no extremista de direita Le Pen fosse uma razão para protestar contra a França, o cineasta afirmou que “a França reagiu sem ambigüidade”. O Congresso Judaico Americano citou o sucesso da votação de Le Pen e vários ataques anti-semitas ocorridos no país para justificar o boicote.

Ao lado das atrizes Tiffani Thiessen (de Barrados no Baile) e Debra Messing (de Will & Grace), e cercado de outros integrantes do elenco, Allen ironizou Hollywood, que “prefere fazer um filme ruim que renda muito dinheiro do que um filme bom que renda pouco. Nos Estados Unidos achamos divertido o fato de os franceses descobrirem nossos artistas antes do que nós”.

A mostra competitiva abre nesta quinta com dois filmes: Kedma, do israelense Amos Gitaï, e Marie-Jo et Ses Deux Amours, do francês Robert Guédiguian. Kedma é também o nome do barco que levou sobreviventes do holocausto para a Palestina, oito dias antes da criação do Estado de Israel, em 1948. Lá, eles batem de frente com soldados britânicos e com os combates entre judeus e árabes. Em Marie-Jo é narrado o dilema da personagem título, que ama profundamente seu marido e também o amante, e não sabe como sair dessa.

Pela seleção oficial, fora de competição, estréiam em Cannes (nos Estados Unidos também) Star Wars: Episódio 2 – O Ataque dos Clones (no Brasil estréia em 5 de julho), de George Lucas, e o documentário da atriz Rosanna Arquette sobre as dificuldades do meio artístico, Procurando Debra Winger.

O primeiro filme de Bangladesh em Cannes está sob censura. Matir Moina (O Pássaro de Argila), de Tarequ Masud, foi censurado em seu país e abre nesta quinta no festival a mostra paralela Quinzena dos Realizadores. O filme se passa na época da independência de Bangladesh, no final dos anos 60.

O Departamento de Censura de Bangladesh consultou um ulemá (doutor da lei entre os muçulmanos), que deu seu aval. Mas a mudança na decisão se deveria às seqüências sobre as manifestações de 1969, nas quais há expressões favoráveis a um partido que hoje está na oposição. Tarequ Masud, que chegou quarta a Cannes, considerou “chocante”, “estúpida” e “antidemocrática” a decisão de seu país e recorrerá dela.




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