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Deputado diz que saída da Solvay seria 'desastre'
Danilo Angrimani
Da Redaçao
03/01/1999 | 18:47
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O deputado estadual e eleito federal Luiz Carlos da Silva (PT-SP), o Luizinho, considera "um desastre" para o Grande ABC perder a Solvay Indupa do Brasil. A empresa espera há quase um ano por uma autorizaçao da Secretaria do Meio Ambiente, para ampliar suas instalaçoes. Se a autorizaçao nao for concedida, a Solvay vai investir os US$ 200 milhoes em outra unidade e ameaça até deixar a regiao.

"Se a Solvay for embora de Sao Paulo, será uma irresponsabilidade do governo do Estado", afirmou Luizinho, acrescentando que "o governador Mário Covas precisa fazer com que seu secretariado pare de destruir o desenvolvimento de Sao Paulo". De acordo com o deputado, "se a empresa cumpriu as exigências e entregou a documentaçao, nao dá para entender, porque a Secretaria (do Meio Ambiente) fica com perseguiçao".

Já o coordenador do colégio executivo do Fórum da Cidadania, Silvio Tadeu Pina, vê a questao por outro ângulo. "Esse discurso chantagista nao é correto", afirmou Pina. O coordenador do Fórum entende que a empresa nao pode se apresentar com um argumento do gênero: "Ou você me deixa bater o pênalti ou eu levo a bola embora". Segundo Pina, "está certo que a bola é deles, mas o campo é nosso".

Pina assinalou, no entanto, que, se existe apenas uma obstruçao do governo estadual, "o Fórum da Cidadania está disposto a brigar para que isso nao aconteça". Segundo Pina, o Fórum pretende organizar um encontro com a Solvay, a Cetesb e o Greenpeace, "para entender o que está acontecendo", em relaçao aos níveis de poluiçao emitidos pela Solvay.

A Solvay Indupa do Brasil aguarda há 11 meses uma autorizaçao da Secretaria do Meio Ambiente para ampliar sua fábrica em Santo André. A ampliaçao representa um investimento de US$ 200 milhoes. Segundo a assessoria de imprensa da Secretaria de Meio Ambiente, nao existe prazo para a análise do processo, que vai autorizar ou nao a ampliaçao da Solvay.

Segundo o gerente de qualidade da Solvay, Arpad Koszka, a empresa tem vontade de permanecer no Grande ABC e crescer, mas, se a Secretaria nao autorizar a ampliaçao da planta industrial, ficará complicado para a Solvay manter suas atividades na regiao. Koszka disse que o investimento de US$ 200 milhoes poderá ser transferido para uma fábrica da empresa em Buenos Aires (Argentina).

O deputado Duílio Pisaneschi (PTB-Grande ABC) vai agendar um encontro com o governador Mário Covas e com o presidente da Fiesp (Federaçao das Indústrias do Estado de Sao Paulo), Horácio Lafer Piva, para discutir o problema.

A Solvay emprega atualmente 900 pessoas, entre funcionários diretos e indiretos. Produz PVC e produtos químicos líquidos, como soda cáustica. A fábrica está instalada na rodovia SP-122 (Indio Tibiriçá), em área de manancial, ao lado de um afluente do rio Grande, um dos formadores da represa Billings.

No mês passado, o grupo ambientalista Greenpeace apresentou o resultado de uma pesquisa que mostrava que o leito do rio Grande tinha sido poluído pela Solvay, com uma quantidade de mercúrio 14 mil vezes maior do que a admitida pela legislaçao ambiental. A Solvay disse que a denúncia do Greenpeace nao tinha fundamento. A Cetesb também encontrou erros na denúncia.




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