A Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO na sigla em inglês), que reúne mais de 25.000 cancerologistas durante quatro dias em seu 39º Congresso, se declarou "particularmente preocupada com o papel da política comercial americana na promoção do uso e do comércio do cigarro em todo o mundo, que sabota o esforço internacional para controlar o tabagismo".
O presidente da ASCO, doutor Paul Bunn, e muitos outros especialistas, também criticaram as práticas dos fabricantes de cigarros de aumentar voluntariamente o nível de nicotina ou de produtos cancerígenos nos cigarros destinados a determinados mercados.
"Os americanos certamente ficarão assustados em saber que alguns dos piores cancerígenos têm níveis muito mais altos nos Estados Unidos que nos cigarros vendidos em outras partes do mundo sob o mesmo nome", disse Bunn. Na Europa principalmente, onde a regulamentação é mais severa, os níveis de cancerígenos são inferiores, segundo os especialistas.
O doutor Richard Hunt, diretor do Centro sobre Dependência da Nicotina da Mayo Clinic de Rochester (Minnesota), explicou ainda que os fabricantes de cigarros "aumentam o nível de nicotina nos países pobres, onde os cigarros são vendidos por unidade, para criar rapidamente mais dependentes".
Bunn, especialista em doenças pulmonares, anunciou uma revisão das recomendações da ASCO em matéria de tabaco, já que "os cancerologistas vêem o resultado final do tabaco: uma tragédia que poderia ser completamente evitada".
"O objetivo é um mundo sem tabaco", acrescentou, destacando que nos Estados Unidos "seria preciso uma nova regulamentação", assim como uma harmonização das políticas da administração, alguns de cujos organismos, como o departamento de Comércio, "promovem as vendas de tabaco".
Perguntado sobre o papel da Casa Branca e do Congresso, dominado pelos republicanos, no fortalecimento dessa regulamentação, quando os fabricantes de cigarros contribuem amplamente com as campanhas eleitorais americanas, o presidente da ASCO respondeu: "chegamos à conclusão de que era melhor fazer isso (elaborar propostas) sem participação do governo".
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