ONG que atuou no Rio Grande do Sul prepara estudo que baliza resgate da economia do Grande ABC
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O Consórcio Intermunicipal do Grande ABC recorreu a uma plataforma desenvolvida por ONG (Organização Não Governamental) que calcula tecnicamente o grau de vulnerabilidade de um município diante da pandemia do novo coronavírus. A adoção dessa ferramenta – ainda em discussão, mas bem encaminhada – é mais uma das estratégias da entidade regional na luta para que o governo do Estado reclassifique a região dentro do Plano São Paulo, possibilitando reabertura de parte da atividade econômica.
A ONG Impulso criou mecanismo que leva em consideração o número de leitos à disposição a cada 100 mil habitantes, o fluxo de pacientes, testagem da população, medidas de isolamento, volume de EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) e a característica econômica (como massa salarial e perfil do trabalhador). O mecanismo, denominado Coronacidades, não trará custos ao colegiado e mapeia o cenário de cada cidade individualmente.
Diante dos dados do Grande ABC, a região atingiu a proporção de 80% de cuidados com saúde e 20% com a economia – quanto maior o índice da saúde, menos atividade econômica é recomendada e vice-versa. Depois desse cálculo, os números são comparados com uma fórmula criada pela ONG, na qual há quatro faixas – são usados tons de cinza. O cinza mais escuro representa perigo à saúde em caso de reabertura. Na área cinza clara estão presentes as atividades sem risco de retomada.
“O ponto alto dessa ferramenta é que o critério utilizado é estritamente técnico. Você elimina o componente político nessa discussão. Mas precisamos ter a certeza de quais os parâmetros o governo de São Paulo quer (para reabertura). Estamos fazendo nossa parte, adiantando alguns protocolos (de volta), algumas reuniões”, considerou Giovanni Rocco, diretor de programas e projetos do Consórcio.
Segundo Rocco, o algoritmo desenhado é claro no sentido de que, se houver aumento de casos de Covid-19, naturalmente é preciso segurar a atividade econômica de determinado setor. “É a única plataforma que parou em pé nessa discussão. Tanto que eles (ONG) estão entrando com trabalho em Manaus (Amazonas), no Ceará, em Mato Grosso.”
A ferramenta foi apresentada a prefeitos e secretários de Finanças, de Saúde e de Desenvolvimento Econômico dos municípios da região na semana passada, justamente quando o governador João Doria (PSDB) alijou o Grande ABC da Fase 2 do chamado Plano São Paulo, de recuperação da economia paulista – Doria autorizou apenas a Capital a pular para essa faixa, deixando os demais 38 municípios da Região Metropolitana com regras mais rígidas.
No sábado, o Consórcio entregou ofício ao governo do Estado apresentando números que balizam um pleito para que a região migre para a Fase 2. A entidade argumenta que, com base nos critérios que autorizaram a Capital a reabrir, a situação regional é melhor.
Estado nega falta de diálogo, mas confirma debate só com Vinholi
Cobrado publicamente pelo presidente do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC e prefeito de Rio Grande da Serra, Gabriel Maranhão (Cidadania), o governo do Estado negou ineficiência no diálogo, embora tenha confirmado que as discussões sobre flexibilização da quarentena imposta para conter o novo coronavírus tenham ficado restritas ao secretário estadual de Desenvolvimento Regional, Marco Vinholi (PSDB).
Em nota enviada ao Diário, o governo João Doria (PSDB) disse que “tem realizado reuniões e consultado de forma permanente os prefeitos dos 645 municípios, para construção de ações conjuntas, tornando mais transparente e efetivo o enfrentamento à pandemia do coronavírus”. “É equivocada, portanto, a acusação de suposta falta de diálogo entre Estado e municípios.”
Maranhão, em entrevista ao Diário, criticou o fato de as cidades do Grande ABC saberem das decisões estaduais pela imprensa e questionou a ausência de debate prévio sobre assuntos delicados, como autorização para reabertura do comércio. Na visão da gestão tucana, porém, as três reuniões realizadas nos últimos 15 dias – sendo duas delas após o anúncio de flexibilização na Capital com manutenção da restrição na região – contemplam a discussão.
“Em mais uma prova inequívoca de diálogo com os municípios, o governo de São Paulo atendeu aos pedidos dos prefeitos e anunciou, na última semana, a subdivisão da Região Metropolitana. A busca de entendimento e o trabalho em parceria com os prefeitos sempre foram marcas desta gestão, que possui forte viés municipalista”, disse a administração.
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