"Retiro imediatamente o embaixador do Haiti na Jamaica, e congelamos nossas relações com este país", anunciou o novo primeiro-ministro do país, Gérard Latortue, pouco antes da chegada em Kingston do avião transportando Aristide e sua esposa.
O ex-presidente, que perdeu o poder em 29 de fevereiro, deixou a República Centro-Africana, onde se refugiava desde o dia 1º de março, na noite de domingo.
O primeiro-ministro jamaicano, Percival Patterson, convidou temporariamente Aristide e sua esposa a seu país. Assim, o casal poderá se encontrar com suas duas filhas, que moram atualmente nos Estados Unidos.
O retorno de Aristide ao Caribe é mal visto não somente pelos novos dirigentes haitianos, mas também pelos Estados Unidos, que lideram a força multinacional encarregada de pacificar o Haiti.
"Os haitianos não devem se deixar molestar por outros países", frisou Latortue em declarações a uma rádio privada haitiana, Radio Vision 2000.
O líder socialista Serge Gilles também criticou a volta ao Caribe de Aristide, explicando que o presidente deposto "se aproveitará de sua presença na Jamaica para incentivar a violência". "Mesmo se Aristide fala de paz, ele sempre faz o contrário do que diz. A presença dele contribui a manter a instabilidade no país", declarou Gilles.
Sobre o novo governo, Latortue anunciou que sua formação "estará completa nesta terça-feira", para que possa tomar posse "no mais tardar na próxima quarta-feira".
"Nada está definido, estudamos os currículos, a honestidade, a competência e o compromisso democrático de cada candidato", acrescentou.
A situação continua precária em Porto Príncipe, quinze dias depois da retirada de Aristide.
No domingo, um soldado americano ficou ferido enquanto patrulhava no bairro de Bel Air, onde se concentram partidários de Aristide. Segundo um porta-voz do exército, é a primeira vez que um membro da força multinacional, formada por americanos, franceses, chilenos e canadenses, é ferido à bala.
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