O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quarta-feira que não existe uma crise entre o Brasil e a Bolívia por causa da nacionalização das reservas de gás no vizinho sul-americano. "Não existe crise Brasil-Bolívia. Não existirá crise. Existirá um ajuste necessário com um povo sofrido e que tem o direito de reivindicar e de ter mais poder", disse Lula, na abertura oficial da 16ª Reunião Regional Americana da OIT (Organização Internacional do Trabalho).

"O fato dos bolivianos terem direito não significa negar os direitos do Brasil. O que não pode é uma nação tentar impor a sua soberania sobre as outras sem levar em conta que o resultado final da democracia é o equilíbrio entre as partes", completou.

Ao discursar, Lula destacou também a boa relação do Brasil com a Europa, os Estados Unidos e outros países da América do Sul. "Na política de Estado nós precisamos estar bem com todos os países do nosso continente. Fizemos tudo isso sem brigar com ninguém", disse.

Na quinta-feira, Lula se reunirá na cidade argentina de Puerto Iguazú com os presidentes Nestor Kirchner, da Argentina, Evo Morales, da Bolívia, e Hugo Chávez, da Venezuela.

A Petrobras é a maior empresa na Bolívia. Entre 1997 e 2000, construiu o Gasbol (Gasoduto Bolívia-Brasil) para o escoamento do gás natural importado do país vizinho. A estatal brasileira é responsável por 20% dos investimentos diretos e por 18% do PIB (Produto Interno Bruto) da Bolívia.

A empresa já investiu US$ 1,5 bilhão na Bolívia, além de US$ 2 bilhões para trazer o gás ao Brasil. A Petrobras Bolívia além de abastecer a Argentina, fornece 60% do gás consumido no Brasil.