Economia Titulo Consequência
Com pandemia, cai a média de abertura de firmas na região

Nas sete cidades, o número de empresas criadas por dia útil teve queda de 34,15%

Yara Ferraz
Do Diário do Grande ABC
27/05/2020 | 17:26
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André Henriques/DGABC


A pandemia do novo coronavírus afetou diretamente o ritmo de abertura de empresas no Grande ABC. O registro de novas inscrições diminuiu 34,15% na média nas sete cidades, na comparação com o período anterior: eram 246 e agora são 162 por dia útil. A queda é mais expressiva do que nos números nacionais, que tiveram redução de 28%. O estudo é do escritório de contabilidade, que também oferece serviços on-line, Contabilizei e foi feito a pedido do Diário. Os números foram levantados com base nos dados da Receita Federal pela plataforma.

A região registrou a abertura de 3.425 empresas no período entre 22 de março e 24 de abril (veja mais dados na arte ao lado). Na comparação da média por dia útil, a cidade com maior queda foi São Caetano, que passou de 20 aberturas diárias para nove, uma queda de 55%. Em seguida, aparecem Ribeirão Pires (-44,44%) e São Bernardo (-38,46%).

O levantamento mostrou que os setores de serviço e comércio foram os mais afetados, com redução de 36% e 23%, respectivamente. O setor industrial também teve baixa, de 18%, na região. Em relação ao tipo de negócio, as empresas MEI (Microempreendedor Individual) sofreram redução de 20%, enquanto nas demais a queda foi de 80%. De acordo com o vice-presidente de growth (crescimento) da Contabilizei Guilherme Soares, por causa do decreto de quarentena e a restrição da circulação de pessoas, assim como o fechamento de lojas, o setor de comércios acabou sendo o mais afetado.

“Nós observamos nos nossos clientes uma queda de emissão de notas fiscais. Também observamos que quem estava mais no on-line sofreu menos para operar nestas plataformas de vendas.” Segundo Soares, a situação da diminuição da abertura de negócios é “grave, mas as empresas têm caminhos para ganhar fôlego (leia mais abaixo).”

Apesar disso, os resultados ainda não se refletem nos números de fechamentos de empresas. “Isso acontece por alguns motivos. Tem o custo envolvido e em algumas inscrições o processo é mais difícil. Muitos dos empresários pensam que não é viável abrir mão do negócio agora, fechar e depois abrir de novo daqui a seis meses”, analisou.

Para o coordenador do curso de administração do Instituto Mauá de Tecnologia, Ricardo Balistiero, além da crise atual, muita incerteza sobre como o País vai sair da situação causada pela expansão da Covid-19. “O Brasil talvez seja o único País do mundo em que a curva esteja subindo, e nós estamos falando em flexibilização de regras de quarentena. É muito complicado. Acho que a questão da incerteza é muito importante e vai continuar impactando o comércio e os serviços, ainda mais do que a indústria, que pode acumular estoques e vender depois. O cenário de incertezas vai impactar muito na abertura de novos negócios. porque imagina se a pessoa abre algo e vem uma segunda onda de casos. Enquanto não tivermos vacina, a expectativa de futuro menos nebuloso vai continuar”, analisou.

Cresce a procura do empreendedor por orientação no Sebrae de São Paulo
A pandemia de coronavírus obrigou os donos de MPEs (Micro e Pequenas Empresas) a procurar soluções para contornar a crise e evitar fechar as portas. Nesse contexto, a busca por orientação registrou aumento expressivo – ultrapassando os 250% – nos atendimentos prestados pelo Sebrae-SP (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) aos empreendedores desde que a quarentena teve início em São Paulo. Nesse cenário, foram desenvolvidos programas e ações específicas.

Com o isolamento físico, desde 23 de março, o Sebrae-SP passou a trabalhar em esquema de home office, atendendo os donos de micro e pequenos negócios remotamente. Entre as opções de contato com o público está a realização de lives de segunda a sexta-feira, às 17h. As transmissões registraram aumento de 11.385% nas visualizações na comparação com o período anterior à pandemia. Em números absolutos, as lives somam 9 milhões de visualizações. Houve crescimento da demanda também nos canais de atendimento: de 254% nas consultorias; 49% na central de atendimento e de 230% nos cursos de ensino a distância.

O Sebrae-SP criou o kit enfrentamento, pacote de soluções que age nos cinco aspectos mais sensíveis para as MPEs atualmente: proteção do caixa, crédito, negociação, vendas on-line e medidas governamentais. Em relação ao crédito, pesquisa do Sebrae mostra que 86% dos pequenos negócios que buscaram empréstimo não conseguiram ou aguardam. Apenas 14% tiveram sucesso. Outra ação com o objetivo de movimentar os empreendimentos de pequeno porte são as rodadas de negócio, eventos que reúnem virtualmente compradores e fornecedores para ampliar seus mercados.

Queda na criação de empresas no País chega a 28%
Dados da Contabilizei mostram que o Brasil começou o ano em alta no que se refere à abertura de empresas, com aumento de 9,4% no primeiro trimestre de 2020 comparado ao mesmo período de 2019, com 876 mil novos negócios, 75 mil a mais que no ano passado.

Porém, a partir de março, com a pandemia da Covid-19, houve queda de 28% em relação ao período que o antecedeu e estima-se que cerca de 80 mil empresas deixaram de abrir por causa da crise. Os MEIs (Microempreendedores Individuais) reduziram em 21% e as demais, em 60%.

Segundo o vice-presidente da Contabilizei, Guilherme Soares, as empresas podem recorrer a outras plataformas para vender on-line. “Tem muitas empresas oferecendo a possibilidade de venda dos produtos on-line, como grandes marketplaces do varejo. O processo é muito fácil, então agora é momento de aproveitar”, afirmou.

De acordo com ele, a Contabilizei disponibilizou plataforma on-line, disponível gratuitamente, onde as empresas podem consultar serviços ofertados, como empréstimos e auxílios, além da possibilidade de redução de custos. O endereço é https://www.contabilizei.com.br/contabilidade-online/portal-coronavirus-covid19/




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