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RJ: refém morre baleado em rebelião no presídio de Benfica
Do Diário OnLine
Com Agências
30/05/2004 | 20:28
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Um dos agentes penitenciários que era mantido como refém pelos presos amotinados da Casa de Custódia de Benfica, na Zona Norte do Rio de Janeiro, morreu baleado neste domingo, a caminho do hospital. Dois reféns, um deles com problemas cardíacos, foram liberados. A polícia encerrou as negociações com os detentos por volta das 18h30, e pretende retomar os trabalhos às 8h de segunda-feira.

Os internos de Benfica estão rebelados desde as 6h30 de sábado, após o registro de uma fuga em massa. Vinte e dois agentes e policiais aposentados que trabalham na segurança da unidade ainda estão no interior da unidade.

Neste domingo, entraram no presídio para conversar com os detentos o subsecretário de Direitos Humanos, Paulo Bahia; o subsecretário operacional da Secretaria de Segurança, Paulo Souto; o deputado Geraldo Moreira (PSB), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Alerj; e o bispo auxiliar da Pastoral Carcerária, Dom Dimas.

Geraldo Moreira disse à imprensa que um dos 21 reféns que continuam em poder presos está amarrado a uma das grades das celas do presídio e a um botijão de gás. Mais cedo, o agente Marco Antonio Borgati foi baleado nas costas com um tiro de escopeta quando tentava escapar do presídio. Ele morreu a caminho do hospital.

Pouco depois, o policial militar aposentado Paulo Henrique Rodrigues, 63 anos, foi libertado pelo grupo porque estaria com problemas cardíacos. Logo em seguida, ele foi levado ao Hospital Souza Aguiar, no Centro, para receber atendimento médico. Um outro agente penitenciário, ainda não identificado, também foi libertado na noite deste domingo.

Os policiais informaram que a maioria das reivindicações dos rebelados foram atendidas – como garantia de integridade física - mas, até o momento, não houve avanço nas negociações. O deputado Geraldo Moreira completou que as negociações não avançam porque falta liderança aos amotinados. Quando está tudo certo para acabar o motim, os detentos voltam atrás e rompem o acordo, contou ele à imprensa.

Os presos rebelados estão bem armados, já que tomaram as pistolas dos militares reféns. Alguns deles têm até fuzis automáticos, segundo as autoridades estaduais. O fornecimento de água e luz está cortado desde sábado, com a finalidade de ganhar os amotinados pelo cansaço.

Fuga - Segundo a Secretaria de Segurança Pública, a fuga foi facilitada por 20 homens armados, que invadiram a unidade por volta das 6h30. Houve troca de tiros com os policiais que estavam nas guaritas e uma granada foi jogada e explodiu no pátio.

Durante a ação, quatro policiais se feriram. Três deles foram atingidos por estilhaços, em um tiroteio, enquanto o quatro quebrou as pernas ao pular de um muro, na tentativa de sair da guarita em que fazia guarda.

O número de fugitivos ainda é contraditório. A Secretaria de Segurança Penitenciária informou que 14 detentos escaparam da unidade. Os moradores que testemunharam a fuga, no entanto, afirmam que o número de fugitivos pode chegar a 100. O número exato só deve ser conhecido após o fim da rebelião, quando será realizada uma recontagem dentro da unidade.

A Casa de Custódia de Benfica tem capacidade para abrigar 1.310 presos, mas atualmente tem cerca de 900 homens. No mesmo prédio de cinco andares, funciona a prisão especial do Ponto Zero, onde ficam os presos que têm curso superior, como é o caso do ex-deputado federal Sérgio Naya e os fiscais envolvidos no escândalo do Propinoduto.




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