O desempenho das contas externas brasileiras em junho superou até mesmo as projeções do Banco Central. No mês passado, Lopes estimou que o superávit do período chegaria a US$ 1,8 bilhão. Analistas e investidores estrangeiros acompanham de perto o resultado das contas externas brasileiras, já que ele é um dos termômetros da dependência de capitais do país. Por isso, o superávit obtido foi motivo de comemoração dentro do governo.
"O resultado do primeiro semestre reduz, e muito, a vulnerabilidade externa do Paí", comentou Lopes. Uma menor dependência de capitais dá maior segurança para que investidores apliquem seus recursos no Brasil.
Nos últimos 12 meses, o Brasil acumulou um saldo positivo de US$ 7,9 bilhões em suas transações correntes (1,5% do PIB), o maior resultado registrado desde 1947, quando o Banco Central deu início à compilação destes dados. Para julho, o chefe do Depec estima um superávit de US$ 1,7 bilhão para as transações correntes. A continuar o bom desempenho da balança comercial e dos demais itens da conta de transações com o exterior, o Banco Central poderá rever sua projeção para o resultado dessa conta ao final do ano. Até agora, o BC mantém a estimativa de que o País fechará 2004 com um superávit de US$ 2,5 bilhões. Mas as instituições financeiras e consultorias do país já projetam um saldo positivo de US$ 6 bilhões para o ano, conforme pesquisa semanal feita pelo próprio BC.
Foram gastos US$ 1,1 bilhão no mês passado, para a quitação dos juros que incidem sobre a dívida externa brasileira, mesmo valor observado em junho de 2003. Pelo lado das remessas de lucros e dividendos, as empresas e instituições enviaram para sua matrizes no exterior US$ 370 milhões, ante US$ 382 milhões no mesmo período do ano passado.
Os dados parciais de julho mostram estabilidade nestas contas. Até esta quinta-feira, US$ 247 milhões haviam sido remetidos do Brasil para o exterior a título de pagamento de lucros e dividendos. No caso dos juros, contabilizava-se uma saída líquida de US$ 937 milhões.
O bom resultado das transações correntes não se repetiu no caso da contabilização de empréstimos e investimentos financeiros. Em junho, essa conta amargou um déficit de US$ 2,4 bilhões. Mas o resultado não surpreendeu o BC, já que o saldo negativo refletiu basicamente o pagamento de algumas despesas de valor elevado previstas para o período. A maior despesa de junho foi a quitação de uma parcela de US$ 1,3 bilhão devida ao FMI (Fundo Monetário Internacional). No semestre, o déficit acumulado na conta financeira foi de US$ 1,7 bilhão.
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