Como as baianas, que só podem se apresentar vestidas tipicamente com saia rendada, bata, colares e outros apetrechos, os homens precisarao também de roupas adequadas, calça, bata e cilar (espécie de gorro) originários da cultura africana. Eles receberao crachás de identificaçao e terao o registro de baiano de acarajé na carteira de trabalho, com o que podem pagar a Previdência Social para aposentadoria.
"Já temos oito registrados, mas a federaçao sabe que há, em Salvador, pelo menos 25 homens vendendo acarajé", disse Mascarenhas. O número ainda é reduzido se comparado com o total de vendedores de acarajé cadastrados em Salvador, 1.800.
A proposta de autorizar homens a vender acarajé foi levantada pelo Grupo Gay da Bahia (GGB), que nao entendia a proibiçao."Muitos homossexuais procuravam o GGB para reclamar que a federaçao nao autorizava 'homem' a vender acarajé", disse Marcelo Cerqueira, diretor do grupo, lembrando que mesmo sem o registro oficial muitos se aventuravam nesse comércio. "Conhecemos um gay assumido, o Roberto Valois, que há mais de dez anos mantém seu tabuleiro no bairro da Ribeira e faz o maior sucesso", contou Cerqueira, elogiando a decisao da Federaçao do Culto Afro.
Outra inovaçao da nova diretoria é permitir que pessoas de outras religioes, que nao o Candomblé, também possam entrar nesse mercado. "Estamos registrando as evangélicas que vendem acarajé em Salvador, mas elas também precisam se submeter às normas da federaçao e da Prefeitura de Salvador, que impoe às baianas,se vestirem tipicamente", disse Mascarenhas. Como os evangélicos sao adversários ferrenhos do Candomblé é preciso ter muito jogo de cintura para contornar o problema.
O mercado de acarajé e os outros quitutes do tabuleiro da baiana movimenta milhoes de reais por mês em Salvador. A disputa pelos clientes é muito acirrada e já provocou alguns conflitos como a briga das três baianas famosas Dinha, Regina e Cira que se instalaram no bairro do Rio Vermelho passando a trocar ofensas. A briga nao tem qualquer conotaçao de defesa cultural: embora as três nao falem quanto faturam, sabe-se que cada uma consegue tirar pelo menos R$ 40 mil por mês dos seus tabuleiros.
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