Com o corte de 2 pontos porcentuais da taxa Selic, decidido esta quarta-feira pelo Copom (Comitê de Política Monetária), os juros reais caíram de 14,57% para 12,7%, comparando-se os 20% da taxa básica com as expectativas de inflação projetadas para os próximos 12 meses, de 6,48%. É um nível ainda muito elevado, bem acima dos 9% que o próprio presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, vem apontando como a taxa real de equilíbrio no País – aquela que, em teoria, não provoca inflação nem deflação.

Os analistas consideram mais adequado comparar os juros com a inflação projetada para os próximos 12 meses, porque pessoas e empresas tomam decisões de consumo e investimento com base nas taxas reais projetadas para o futuro. Se a expectativa é de que os juros ficarão muito acima da inflação esperada, há um incentivo para que o dinheiro seja destinado a aplicações financeiras.

O fato de os juros reais estarem bem acima da taxa real de equilíbrio é um dos fatores que levam os analistas a continuar apostando na queda da Selic ao longo dos próximos meses.

O diretor de Pesquisa de Mercados Emergentes do Goldman Sachs em Nova York, Paulo Leme, acredita que o BC poderá trazer as taxas reais para a casa de 10% até o fim do ano. Mesmo assim, é um número elevado. Um estudo do BC mostra que a taxa real de equilíbrio é de 2,75% nos Estados Unidos e de 4,53% na Tailândia.

Analistas como o ex-presidente do BC Affonso Celso Pastore insistem que a redução consistente do risco Brasil é fundamental para que a taxa real de juros possa cair de forma sustentada. O risco Brasil fechou esta quarta-feira em 660 pontos, o nível mais baixo desde 30 de agosto de 2000, mas muito acima do indicador de um país como o México, que está na casa de 200 pontos.

Outra maneira de calcular os juros reais é comparar a taxa de juros de um ano, de 18,25%, com as expectativas de inflação. A vantagem desse método é que é com base nessas taxas que são feitos empréstimos e financiamentos. Nesse caso, o juro real no Brasil está em 11,1%.