Segundo uma pesquisa divulgada em meados de 1998, somente entre 10% e 30% das empresas brasileiras privadas haviam começado a corrigir seus sistemas. Se levarmos em conta apenas as pequenas e médias corporaçoes, o número cai para apenas 3%. A corrida contra o tempo fez subir o preço da mao-de-obra especializada em todo o mundo.
Nos Estados Unidos, por exemplo, o custo de correçao de uma linha de um programa proprietário pode chegar a US$ 1,80 - vale destacar que um banco de dados tem em média 25 mil linhas.
David Bertelli, gerente do programa Year 2000 da HP (Hewlett-Packard) para a América Latina, revela que nos Estados Unidos o custo de uma hora de um programador pode chegar a US$ 90. "Atualmente, há nos Estados Unidos uma carência de 70 mil profissionais em Cobol. Muitas empresas têm buscado mao-de-obra aqui no Brasil", ressalta Bertelli. "O Brasil tem um déficit de 5 mil profissionais em informática", diz José Ricardo Pereira, diretor da InfoServer Engenharia de Sistemas. Além da escassez de mao-de-obra, há também a dificuldade de captaçao de dinheiro, uma vez que as altas taxas de juros podem inviabilizar um financiamento.
Ainda que a empresa tenha profissionais e recursos disponíveis, o tempo passa a ser o principal adversário na corrida contra o bug do ano 2000. Isso porque boa parte das corporaçoes ainda utiliza sistemas proprietários, que demandam mais tempo para serem corrigidos, uma vez que, em sua maioria, sao aplicaçoes antigas e nao há documentaçao que auxilie os programadores a corrigi-las. Nao basta, no entanto, corrigir o bug internamente. "É necessário também que os pequenos fornecedores sejam orientados a resolver o problema nos seus sistemas, sob o risco de termos o efeito cascata", adverte Pereira, da InfoServer.
O Gartner Group, que em 1997 estimava em 18 meses o tempo necessário para a soluçao do bug do ano 2000, hoje já fala em 30 meses. Assim, pequenas e médias empresas podem nao ter tempo suficiente para corrigir o problema. A soluçao, nesse caso, seria priorizar os sistemas vitais, indispensáveis ao correto funcionamento da empresa. "Devem ser priorizadas as atividades-fim, como a produçao e os controles de estoque e de fornecedores", explica Bertelli, da HP.
Outras atividades, como folha de pagamento e benefícios oferecidos a funcionários, podem ser renegadas a um segundo plano. "Em uma emergência, essas atividades podem ser realizadas manualmente ou terceirizadas", explica Bertelli. "Dependendo da atividade, a soluçao mais viável pode ser desligar a máquina", ressalta Pereira, da InfoServer.
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