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Chega ao fim o reinado dos poloneses no Vaticano
Da AFP
12/04/2005 | 19:41
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O fechamento do apartamento de João Paulo II acabou nesta terça-feira com o reinado do chamado "clã polonês", que sob a liderança do secretário-pessoal do papa, monsenhor Stanislaw Dziwisz, foi acusado de fazer e desfazer na Igreja ao final do pontificado.

Dom Stanislaw, como é conhecido na Itália, chegou a ser um dos homens mais poderosos do Vaticano durante a doença de Karol Wojtyla, a quem acompanhou dia e noite durante sua longa agonia. Quando finalmente faleceu, o arcebispo polonês tinha uma das mãos do Sumo Pontífice entre as suas.

O poder do secretário, que hoje tem 66 anos, cresceu à medida que se deteriorava a saúde de João Paulo II, que o considerava quase como um filho depois de tê-lo durante 40 anos a seu serviço, desde a época em que se conheceram esquiando, quando era arcebispo de Cracóvia.

Tendo cada vez mais dificuldades para se expressar, João Paulo II se refugiou em sua língua natal, o polonês, o que aumentou o peso de seus compatriotas, acusados de se interpor entre o Pontífice e a Cúria.

Até o final da vida de João Paulo II, Dziwisz filtrava as visitas, as comunicações e a correspondência, administrava a agenda pontifícia e atuava como intermediário, quando a situação assim o exigia.

Dziwisz também era, junto com o segundo-secretário e as cinco religiosas polonesas que viviam com o papa, a "família", à qual se referiu várias vezes o porta-voz da Santa Sé, Joaquín Navarro Valls, nos últimos dias de João Paulo II. Apenas uma hora antes de sua morte - em 2 de abril, às 21h37 -, monsenhor Dziwisz oficiou uma missa no quarto do papa, da qual também participaram outros "familiares", como seu segundo-secretário, o arcebispo Mieczyslaw Mokrzycki, o também arcebispo Stanislaw Rilko e o cardeal ucraniano Marian Jaworski.

Reforçando a força deste laço, em seu testamento, o papa deixou para a posteridade o agradecimento "pela colaboração e pela ajuda de tantos anos e tão compreensiva" de monsenhor Dziwisz.

Nesta terça-feira, como prevê a Constituição Apostólica, o cardeal camerlengo espanhol Eduardo Martínez Somalo, "regente" da Igreja no período de vacância do trono, anunciou aos cardeais reunidos para preparar o Conclave que estava sendo lacrado o apartamento particular do terceiro andar do Palácio Apostólico ocupado pelo papa e seus colaboradores.

Com isso, Dziwisz e as cinco Servas do Sagrado Coração de Jesus, guiadas pela madre superiora Tobiana tiveram de deixar os aposentos. Segundo a imprensa italiana, o primeiro se mudou temporariamente para o apartamento que lhe cabe como subprefeito da Casa Pontifícia, no mesmo palácio, e as demais, para um convento de sua ordem.

Esta mudança deve ser apenas temporária, já que com a eleição do novo papa, Dziwisz pode perder todo o poder que lhe resta no Vaticano. A partir disso, poderá, então, se dedicar exclusivamente a impulsionar a rápida beatificação de João Paulo II, da qual se tornou um de seus principais defensores.




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