Por determinação da Seap (Secretaria de Administração Penitenciária) do Rio de Janeiro, parentes de presos estão proibidos de usar roupas vermelhas em dias de visita. A medida seria uma forma de evitar alusão ao Comando Vermelho, facção criminosa que domina várias favelas do Rio. Peças pretas também estão proibidas porque são da mesma cor do uniforme dos agentes penitenciários. A proibição vale para os presos também.

A medida gerou um comércio curioso na porta dos Complexos Penitenciários de Bangu, na Zona Oeste, e Frei Caneca, no Centro. Mulheres que chegam vestidas com as 'cores proibidas' estão alugando de ambulantes roupas de outras cores para poder entrar nos presídios em dias de visita. O aluguel inclui peças íntimas e a troca é feita, em alguns casos, na rua mesmo.

Segundo algumas mulheres que estavam na manhã desta terça na porta da Penitenciária Serrano Neves, Bangu 3, a restrição vale também para crianças. “Se uma criança chega de macacão vermelho, tem que tirar. É um absurdo”, disse uma jovem que se identificou apenas como Débora. “Não podemos usar cinza nem preto porque confunde com o uniforme dos agentes. Calcinha e sutiã vermelhos estão proibidos porque é apologia ao Comando Vermelho. O jeito é alugar a roupa lá fora”.

Ela informou ainda que, em dias de chuva, ocorre outro problema. “Os agentes não deixam entrar de tênis porque é mais difícil revistar. Tem que ser só sandália”.