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Júri do caso Isabella começa segunda
Tiago Dantas
Do Diário do Grande ABC
18/03/2010 | 08:01
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Arquivo pessoal


Dois anos após o crime que chocou o País, Alexandre Nardoni, 31 anos, e Ana Carolina Jatobá, 25, sentarão lado a lado no banco dos réus do Fórum de Santana, Zona Norte da Capital. A partir de segunda-feira, sete jurados decidirão se o casal, acusado de matar a menina Isabella Nardoni, 5, filha de Alexandre, é culpado ou inocente.

O resultado do julgamento pode ser surpreendente, na opinião de advogados criminalistas ouvidos pelo Diário ontem. "Em um júri como esse tudo pode acontecer. Pode até terminar com absolvição", afirma Valdimir Balico, professor de Direito Processual Penal da Faculdade de Direito de São Bernardo. Nas ruas, no entanto, é quase unânime a ideia de que os acusados devem ser condenados pelos jurados.

O crime, que será relembrado na sala 3 do 2º Tribunal de Júri a partir das 13h de segunda-feira, aconteceu na noite de 29 de março de 2008. Para que os jurados possam decidir com calma, 24 testemunhas, além dos dois acusados, serão ouvidas. O promotor Francisco Cembranelli e o advogado de defesa Roberto Podval falarão por nove horas. A promotoria deve levar uma maquete do Edifício London, palco da tragédia. Apenas na madrugada de quinta-feira o veredicto deve ser lido.

O promotor Cembranelli afirma que Isabella foi estrangulada pela madrasta, Anna Carolina, e arremessada da janela do sexto andar do prédio onde o casal vivia pelo pai, Alexandre. O advogado Podval pretende mostrar que os dois são inocentes e que o crime pode ter sido cometido por uma terceira pessoa, ignorada pela investigação policial.

"É um caso atípico pois não temos uma testemunha ocular, apenas provas periciais", opina o professor Balico, referindo-se aos laudos e exames feitos pelo IC (Instituto de Criminalística). "As provas técnicas serão o fiel da balança desse julgamento. A defesa deve insistir nas dúvidas deixadas pela perícia", acredita Romualdo Sanches Calvo Filho, presidente da Academia Paulista de Direito Criminal.

"Tecnicamente não dá para condenar. A defesa pode demonstrar que não há prova cabal da participação dos dois. Por outro lado, é fácil concluir que ninguém mais poderia ter entrado no local do crime ", diz Balico.

Justiça convoca 40 jurados para evitar cancelamento

Por ser um caso de grande repercussão, o julgamento de Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá motiva preocupações. Foram chamadas 40 pessoas para fazer parte do Conselho de Sentença, o grupo de sete jurados que decidirá se o casal é culpado ou inocente. A lei prevê a convocação de 25 integrantes da sociedade civil.

"É uma forma de evitar que o julgamento seja cancelado por causa da falta do número mínimo de jurados", explica o professor de Direito Vladimir Balico. "Um caso midiático como esse é sempre mais complicado", diz.

No início do julgamento, o juiz Maurício Fossen vai sortear sete jurados entre os 40 convocados. Promotoria e defesa podem recusar três pessoas cada. Os jurados ficam incomunicáveis. Ao final de todo o processo, eles decidem pela condenação ou absolvição dos réus. O juiz fica responsável por aplicar a pena cabível. TD

População espera que casal seja condenado à prisão

Moradores e trabalhadores de Santo André são praticamente unânimes ao apontar o casal Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá como culpado pela morte da menina Isabella.

"Não tenho nenhuma dúvida que foram eles", afirma o taxista Ângelo Negreiros, 53 anos. "Se eles fossem inocentes não estariam presos até hoje. Com o advogado que eles têm, já teriam saído da cadeia", completa. Alexandre e Anna Carolina cumprem prisão preventiva em penitenciárias de Tremembé, no Interior.

"Aquela história de que alguém entrou no apartamento é muito difícil de acreditar. Só pode ter sido eles, mesmo", conta o funcionário público Roberto Saltori, 31 anos. "Queria fazer parte do julgamento para escrever lá no papelzinho: ‘Culpados'. O que esses dois fizeram não tem prisão que pague", diz a diarista Fernanda Costa, 21 anos.




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