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Palácio do Planalto pede cautela na articulação da sucessão
20/09/2005 | 23:33
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Com medo de perder a presidência da Câmara para um adversário, o primeiro vice-presidente da Casa, José Thomaz Nonô (PFL-AL), o governo recomendou cautela na articulação para fazer com que o substituto do presidente Severino Cavalcanti (PP-PE) seja da base aliada. Para tanto, não quer que o PT, apesar de ter a maior bancada na Casa, lance uma candidatura única neste momento.

Em reunião realizada terça-feira, na Residência Oficial do Torto, com líderes petistas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva admitiu que, se a administração federal adotar esse caminho, corre o risco de perder mais uma vez a disputa, como ocorreu em fevereiro, quando o deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP) foi derrotado por Severino. Lula avalia que um candidato "com o carimbo" do Poder Executivo imporia nova derrota a ele, agravando ainda mais a situação do Palácio do Planalto.

Diante das dificuldades, o PT decidiu terça-feira à noite, em reunião da coordenação da bancada - da qual participou o presidente nacional do partido, Tarso Genro, promover consultas junto às demais legendas da base e até da oposição em torno de quatro nomes petistas para o lugar de Severino: o líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (SP), e os deputados José Eduardo Martins Cardozo (SP), Sigmaringa Seixas (DF) e Paulo Delgado (MG). "O PT não quer repetir o processo do início do ano", afirmou o líder do PT na Câmara, Henrique Fontana (RS), numa referência à derrota de Greenhalgh, quando o partido foi acusado de não ouvir as legendas sobre a viabilidade da candidatura apoiada pelo governo. "Não queremos passar a visão de intransigência. Vamos deixar os quatro nomes na mesa e discutir qual deles tem potencial, qual tem perfil recomendado."

Apesar de ressalvar que o PT tem o direito de indicar o futuro presidente da Câmara - uma vez que, pela tradição, a maior bancada sempre comanda a Casa -, Fontana insistiu na necessidade de haver consenso na crise. "As próximas horas valerão por dias", disse. "O importante é a Câmara voltar a funcionar." Mesmo com esse argumento, os petistas não digeriram a candidatura do presidente nacional do PMDB, deputado Michel Temer (SP), para a vaga de Severino. "Não é aceitável que o PMDB fique no comando da Câmara e do Senado", afirmou Fontana. "Isso seria reforçar demais um partido e desvalorizar o outro."

Nonô - O PSDB e PFL consolidaram terça-feira uma aliança em torno da candidatura do primeiro vice-presidente da Câmara, José Thomaz Nonô (PFL-AL), para suceder Severino. Na noite de segunda-feira, parlamentares do PFL reuniram-se na casa do senador José Jorge (PFL-PE) e fecharam o apoio ao nome de Nonô. Terça-feira, o acordo com o PSDB foi selado num almoço reunindo líderes dos dois partidos.

Por conta disso, a legenda aceitou abrir mão da pré-candidatura do deputado Jutahy Magalhães Júnior (BA), aceitando centrar as forças na opção por Nonô. "Será difícil para o PSDB e para o PT terem o presidente da Câmara porque os dois partidos têm, nitidamente, um projeto de poder", afirmou Magalhães Júnior, reconhecendo ser difícil a vitória de um tucano ou de um petista.




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