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Sem lixão, frete de entulho pode duplicar em Diadema
Raymundo de Oliveira
Do Diário do Grande ABC
13/07/2001 | 20:30
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Caminhoneiros que trabalham com caçambas em Diadema afirmam que vão ficar sem local para descarregar entulho, terra e restos de construção civil com o fechamento do Lixão do Alvarenga. O preço do frete poderá dobrar e inviabilizar o negócio. A desativação está prevista para segunda-feira. As prefeituras de Diadema e São Bernardo prometem multar em um salário mínimo (R$ 180) os infratores.

A fiscalização será feita por agentes municipais e policiais militares. A lei 9.605, de Crimes Ambientais, em vigor desde 1998, prevê pena de um a cinco anos para quem joga lixo em local proibido.

O caçambeiro Mário Cesar Alves, que trabalha com um caminhão e 25 caçambas em Diadema, afirma que tentou se reunir com a Prefeitura da cidade para tentar manter o Alvarenga aberto. Alves disse que faz em média cinco viagens diárias até o lixão para descarregar entulho e terra. Segundo ele, não houve notificação ou comunicado aos caminhoneiros sobre o fechamento (nesta sexta, foram colocadas faixas de aviso na estrada de acesso ao lixão).

Para Alves, a partir de segunda-feira, não vai compensar retirar entulho da cidade para levá-lo a lixões distantes, e a cidade poderá enfrentar acúmulo de entulho nas ruas.

Nesta sexta, mais uma entrada secundária que dá acesso ao lixão foi fechada pela Prefeitura de São Bernardo. Na quarta-feira, foram bloqueados três acessos nos bairros Sítio Joaninha e João de Barro. Segundo Alves, com o fechamento do Alvarenga os motoristas terão que se deslocar para aterros a mais de 50 km do Grande ABC. “Se eu tiver de viajar 70 km para descarregar entulho no aterro do Grajaú, em São Paulo, vou ter de dobrar o preço pelo transporte e não vou conseguir fazer mais do que duas viagens pro dia”, afirmou.

O depósito de terra, material inerte (restos de construção civil) e de podas de árvore no Alvarenga era permitido pela Cetesb até 1996 a pedido da Prefeitura de Diadema, mas a permissão foi suspensa depois que uma fiscalização constatou o lançamento de lixo industrial no local.

Roberto Gonçalves, sócio de uma empresa com dois caminhões de coleta de caçambas que atua há mais de dez anos em Diadema, estima que o fechamento do Alvarenga pode fazer o frete subir 30%. Segundo ele, sua empresa faz em média 15 viagens por dia para jogar entulho e terra no lixão. Os caminhoneiros cobram em média R$ 50 para descarregar uma caçamba na região.

As secretarias de Meio Ambiente de São Bernardo e Diadema dizem que a operação dos caçambeiros no Lixão do Alvarenga é clandestina. Apesar de irregular, o presidente da Saned (Companhia de Saneamento de Diadema), Mário Reali, estima que 600 caminhões operam por dia no lixão. Na segunda-feira pela manhã, os caçambeiros e catadores de lixo prometem fazer um ato de protesto contra o fechamento do lixão.




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