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Coletânea traz só Clara Nunes sambista
Thiago Mariano
Do Diário do Grande ABC
30/09/2008 | 07:20
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A Som Livre acaba de lançar o CD Clara Nunes Sempre (preço médio R$ 15). Entre as canções selecionadas figuram os clássicos que marcaram a intérprete como grande sambista. Entre elas, Juízo Final, Coração Leviano, Conto de Areia, Canto das Três Raças e Tristeza Pé no Chão.

Clara Nunes, morta há 25 anos, pode ser consideradas uma das mais completas artistas da MPB. Mas a imagem da maior vendedora de discos e uma das mais queridas artistas de sua época não chegou intacta até os dias de hoje.

A figura da bela mulher de cabelos afro, vestida de branco, com coroa de conchas e cantando pontos de umbanda, candomblé e samba são as maiores referências que as novas gerações carregam da cantora. Esse reducionismo só é endossado por relançamentos como esse.

O disco é na verdade uma reedição enxuta da coletânea Para Sempre Clara Nunes, lançado em 2003 pela mesma gravadora. No primeiro tributo, a Som Livre incluiu outros períodos da carreira de Clara, a exemplo de Você Passa e Eu Acho Graça. A gravação da famosa canção de Ataulfo Alves fez crescer o sucesso da cantora, que até então entoava boleros sem sucesso.

Outra canção importante no CD passado, que ficou de fora nessa nova compilação, é Ternura Antiga, de Dolores Duran, interpretado por Clara no espetáculo musical Brasileiro Profissão Esperança, no qual, ao lado de Paulo Gracindo, homenageava as crônicas e canções de Antonio Maria e Dolores.

É uma bela amostra do talento vocal de Clara, que executava sem dificuldade tons médios, agudos e graves, em composições dramáticas.

Para os que quiserem se aprofundar na obra de Clara vale ouvir a gravação do espetáculo O Poeta, a Moça e o Violão, realizado em 1973, com Toquinho e Vinicius de Moraes. Na época, a cantora ensaiava se tornar uma diva da música popular brasileira e já havia lançado seis discos.

Os três primeiros com repertório romântico. Os seguintes, com sambas, fizeram suas vendas saltar 97%. A cantora, lisonjeada com a proposta de Vinicius, partiu para o desafio, encarando a oportunidade de mostrar que não era apenas cantora popular.

Clara só não podia prever que sua proximidade cada vez maior com as escolas de samba, a religião e ícones africanos e o casamento com o compositor Paulo César Pinheiro, mais uma vez multiplicariam seu sucesso, dessa vez quadruplicando suas vendas. Daí a imagem da maior cantora de samba do Brasil que hoje permanece.




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