O governo americano ignorou durante os dois últimos anos numerosas advertências sobre o funcionamento das empresas de segurança que operam no Iraque sem qualquer regulamentação e extrapolando seu papel, denuncia nesta segunda-feira o jornal 'The Washington Post'.
Vários sinais de alarme sobre os riscos que representavam as dezenas de milhares de pessoas que trabalham no Iraque para firmas de segurança privadas, entre elas a Blackwater, faziam parte dos relatórios de peritos americanos e de dirigentes iraquianas, diz o diário, citando autoridades americanas e documentos de empresas de segurança.
Mas nem o Departamento de Estado nem o Pentágono tomaram medidas sérias para regulamentar as firmas de segurança, até a tragédia de 16 de setembro, quando agentes da Blackwater a serviço do Departamento de Estado para escoltar seu pessoal do setor diplomático abriram fogo num cruzamento de ruas muito movimentado de Bagdá e abateram 17 civis.
Uma associação de defesa dos direitos humanos processou a Blackwater em nome de um sobrevivente e das famílias iraquianas de três mortos.
A ação, apresentada em um tribunal federal de Washington, acusa a Blackwater de homicídio e de crimes de guerra e exige compensações por danos, explicou a associação, o Centro para os Direitos Constitucionais.
A Blackwater, que tem cerca de mil homens no Iraque, assegura que seus agentes responderam a uma emboscada, enquanto escoltavam um comboio do Departamento de Estado.
Um relatório do Congresso americano publicado em outubro indica que os homens da Blackwater - empresa pertencente a um ex-militar americano - que participaram de operações militares americanas no Iraque estão envolvidos em 200 ações com troca de tiros desde 2005 e, geralmente, são os primeiros a disparar.
Um alto funcionário do Departamento de Estado americano, o inspetor-geral Howard Krongard, questionado pelo Congresso por ter vínculos com a Blackwater, chegou a apresentar no dia 7 de dezembro sua renúncia ao cargo.
Krongard era irmão de um executivo da Blackwater, e foi acusado pelo legislador democrata Henry Waxman de ter bloqueado uma investigação do Congresso sobre a introdução ilegal de armas no Iraque.
Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.