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Sebastiao Salgado expoe as migraçoes em Roma
Do Diário do Grande ABC
28/06/2000 | 12:58
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O brasileiro Sebastiao Salgado, considerado como um dos melhores fotógrafos do mundo, inaugurou nesta quarta-feira em Roma, no marco das manifestaçoes do Jubileu do ano 2000, uma grande exposiçao sobre as migraçoes dos povos, com o objetivo de sensibilizar as consciências.

Definida pelo próprio Salgado como uma ``radiografia do planeta', a mostra, que permanecerá aberta até 3 de setembro na imponente sede das Escuderias Papais do Palácio presidencial do Quirinal, apresenta mais de 300 fotos, dedicadas aos migrantes de todos os continentes.

``Exponho uma boa parte da populaçao do mundo, a que nao tem nada, que caminha, que foge da guerra, da fome, da miséria. Um movimento inelutável, que reflete o estado do planeta', declarou o fotógrafo brasileiro.

Sebastiao Salgado, que começou suas reportagens fotográficas para esta exposiçao no início dos anos 90, viajando mais de nove meses por ano durante sete anos por 47 países, admite que seu trabalho é ``antes de tudo político e social' e assim concordou em expor em Roma por ocasiao do ano do Jubileu.

``Quero que os jovens católicos que vêm a Roma para a Jornada Mundial da Juventude se conscientizem do que ocorre no mundo', diz Salvado, que intitulou a mostra de ``Em caminho'.

Salgado, 56 anos, formado em economia e que mora há 30 anos em Paris, pretende com seu trabalho provocar um debate, uma discussao contra a opressao em um mundo globalizado.

``Espero que as pessoas se sentem para discutir', adiantou o repórter, que organizou quase simultaneamente a mesma mostra no Brasil, Estados Unidos e Paris, seguida de uma série de debates e documentos, sobre a dramática situaçao no mundo dos desagregados e refugiados, das vítimas da guerra, da pobreza e das catástrofes naturais.

``Nao é uma simples exposiçao de fotos, minha intençao é criar outra forma de comunicaçao, uma forma diferente de debater com a fotografia jornalística', disse Salgado, que apresenta somente fotos em branco e preto.

``Meu trabalho é como o de um médico, um engenheiro, um operador das organizaçoes humanitárias e por isso permaneço longas temporadas na Africa, Asia e América Latina, para entender e para que me aceitem. Eu adoro a cor, mas minha linguagem é em branco e preto, com a qual posso comunicar', explicou.

A exposiçao, dividida em cinco seçoes, dedica um capítulo especial às crianças, cuja presença espontânea ao longo de seu percurso pelo mundo dos ``caminhantes' resulta numa mensagem impenetrável para o visitante.

As fotografias de Salgado serao publicadas em um livro, que constitui o catálogo da mostra romana.




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