Turismo Titulo Caliente Madri
Madri: vista-se de vermelho!

Capital oferece muito mais do que museus, touradas e
compras; cultura desperta ritmo pulsante nos turistas

Eduardo Chaves
Enviado a Madri
10/11/2011 | 07:10
Compartilhar notícia


"Que bom seria se São Paulo fosse do lado de Madri." A canção da dupla sertaneja Fernando e Sorocaba brinca com os mais de 8.000 quilômetros que separam as duas cidades. Além da distância geográfica, Madri se diferencia de São Paulo por aspectos que vão além da cultura. Enquanto a história recente da capital paulista revela memórias dos seus 457 anos, a sexta maior cidade da Europa, terra que já pertenceu ao Império Romano, carrega hoje traços de uma identidade globalizada e que, ao mesmo tempo, fixa as raízes do passado para manter viva sua história no presente.

Entre árabes e romanos, ou clérigos e monarcas, Madri é o retrato do seu povo. Com mais de 3 milhões de habitantes e cerca de 600 quilômetros de extensão, a capital da Espanha parece pequena para guardar tanta diversidade e tantos tesouros artísticos. O turista que desembarca no aeroporto de Barajas, um dos maiores do mundo, precisa de muita disposição para conhecer os museus, andar pelos parques, deslumbrar-se com os palácios, e necessitará de um olhar mais demorado para reconhecer os traços da arquitetura local. Momentos que ficarão guardados além da memória das câmeras fotográficas. São imagens que se fixam na mente por toda a vida. O vermelho é o protagonista das cores no passeio pelas calles - ou ruas, no bom português. Divirta-se!

 

MADRI PARA TODOS

O voo entre São Paulo e Madri leva dez horas, em média. O aeroporto de Barajas é o destino final. Grande e imponente, o terminal, inaugurado ainda na década de 1930, passou por diversas modificações e, com isso, ganhou tráfego de turistas cada vez maior. Segundo a Skytrax, empresa de consultoria britânica que realiza pesquisas sobre companhias aéreas e aeroportos em todo o mundo, Barajas registrou um fluxo de 50 milhões de pessoas apenas em 2010. Consagrando-se, assim, como o 11º mais movimentado do mundo e o 4º no ranking da Europa.

A estrutura de comunicação visual do aeroporto é funcional e garante excelente mobilidade para o turista que acaba de desembarcar no país. Do posto da polícia federal até a retirada das bagagens, o processo não demora mais do que vinte minutos - isto é, se você não for escolhido a dedo para prestar mais esclarecimentos na Imigração, contratempo bastante recorrente entre os brasileiros.

A autonomia do transporte espanhol é outro ponto de destaque. Ainda dentro do Barajas é possível pegar a Linha 8 do metrô, que une os terminais do aeroporto ao centro da cidade em cerca de 15 minutos. A opção é ainda melhor do que os táxis ou os ônibus em frente ao terminal, já que as vias que ligam o aeroporto ao centro da cidade são sempre bastante congestionadas. Vale investir cerca de 2 euros (R$ 5) no bilhete e seguir de transporte público.

O mapa do metrô da cidade é um dos maiores do mundo. Tanto pelo número de estações como pela distância dos trilhos, o turista poderá usar o serviço para experimentar todos os prazeres de Madri. Ao todo, são 281 estações que transportam mais de 700 milhões de passageiros por ano. Os estrangeiros certamente não terão problemas para se locomover pela cidade. Além de auto-explicativas, as sinalizações acompanham também nomes dos monumentos históricos a serem visitados. Sistema integrado e de primeiro mundo com cerca de 100 anos de atividade.

Procure observar se o seu hotel está próximo de algum ponto do metrô. Certamente não terá com o que se preocupar, e a primeira parada será ganhar fôlego para conhecer a superfície. Madri não vai deixar você descansar.

 

Passos marcados

O roteiro para uma viagem de três dias pela capital madrilenha precisa ser objetivo. Se o seu destino final, após uma temporada na Europa, é a Espanha, certamente você já estará acostumado com os passos rápidos da visitação. No entanto, se for o seu primeiro destino, é bom se adaptar à nova rotina.

Depois de deixar as malas no hotel vista-se com uma roupa bastante confortável. Tênis, bermuda e camiseta são itens indispensáveis. Protetor solar e água também devem acompanhar a mochila. A caminhada será longa e você deverá se preparar para uma maratona.

Uma das ruas mais famosas de Madri é a Gran Via, que chama atenção pela arquitetura dos seus prédios e pelo conflito ímpar entre o novo e o velho. Construções históricas ganham ares modernos e envidraçados. Essa grande avenida de comércio inicia seu trajeto ainda pela rua de Alcalá e termina na Praça Espanha. Roteiro certo para os apaixonados por teatro e grandes musicais, que a consideram a versão espanhola da Broadway. A dica é reservar o ingresso antes. As filas para compra chegam a dobrar quarteirões e os preços podem variar de 25 a 400 euros (cerca de R$ 60 a R$ 950). Nada mal para um continente em crise.

Se você acha que aproveitar algumas horas de um musical na Espanha está fora do seu roteiro e as fachadas dos prédios da Gran Via já são interessantes, então a pedida é caminhar cerca de dez minutos até a Praça de Cibeles. O mais famoso postal de Madri é grandioso e está emoldurado pelo antigo palácio da Comunicação, atualmente sediado pelos correios da cidade.

Inaugurada em 1782 com estrutura que recebe tanques de água, a praça é pontuada por escultura em mármore que representa a deusa Cibele, mãe da fertilidade. Se o juiz apita o fim do segundo tempo de uma grande partida do Real Madrid e o time da casa vence, a praça é invadida por uma multidão de torcedores que escolhem o local para comemorar o triunfo da jogada.

Para a próxima parada depois da Praça Cibeles, suba a Rua Alcalá e vislumbre o portal batizado com o mesmo nome da grande avenida. Situado na Praça da Independência, o monumento, do século 18, era ponto de encontro dos visitantes que chegavam a Madri vindos de outras partes da Europa. E continua assim até hoje. Os arcos construídos em pedra e granito são cenário perfeito para uma sessão de fotos.

A Rua de Alcalá é extensa. Todo esse roteiro, que contempla seu primeiro dia pela cidade, será para conhecê-la. Além da Gran Via, da Praça Cibeles e da Porta de Alcalá, mais um patrimônio histórico de Madri se revelará aos olhos: a Praça de Las Ventas, que abrigou as mais importantes touradas da Espanha. Construído em 1874, o local só abriu suas portas na década de 1910. Durante a primavera, a feira taurina de San Isidro oferece momentos de êxtase para os apaixonados por touradas. Se você estiver na cidade em outros períodos do ano, poderá também assistir a grandes concertos musicais de artistas nacionais e internacionais.

A arquitetura caprichada, a riqueza de detalhes, as formas de influência marroquina e o tom avermelhado dos tijolos à mostra contrastam com a delicadeza dos azulejos brancos e azuis pintados à mão que decoram a Praça de Las Ventas. Por todos os lados, o local merece cliques diferenciados. Experimente a visita logo após o meio-dia e você terá o sol a seu favor para brincar com a fotografia.

 

IMPRESSÕES AUTÊNTICAS

Andar pelos becos e ruas estreitas de Madri proporciona a sensação de descoberta. Cada esquina revela-se diferente e ganha novas perspectivas e molduras. Entre chão de pedras, pequenos edifícios com suas varandas cobertas de flores e o comércio tradicional de lembrancinhas e presentes, um clarão se abre no centro da cidade.

A Plaza Mayor é desvendada apenas por um dos nove pórticos que rodeiam o formato retangular do edifício. Como o próprio nome diz, essa grande praça é o local favorito dos turistas para observar a cultura espanhola. E a exemplo de outros centros de grandes cidades, a área preserva ainda a identidade madrilenha.

Passar os olhos pelos quatro edifícios da Plaza Mayor é levar um pouco da sua história, de cerca de 430 anos. Atualmente, o lugar é um importante centro comercial de venda de joias, bolas, artigos de luxo e também concentra os melhores restaurantes de comida mediterrânea. Prato cheio, literalmente, para os turistas que visitam o local. As mais de 200 varandas que decoram a paisagem são janelas para as salas ocupadas pela prefeitura. O térreo fica reservado apenas para as aventuras dos turistas.

O local já sofreu três grandes incêndios durante a sua história e também passou por modificações (o projeto original desenhava cinco andares diferente dos três existentes hoje). Em 1848, foi colocada no centro a estátua do rei Filipe III sob um cavalo. Momento de posar para mais uma sessão de fotos.

 

A CASA DO REI

É hora de deixar a região central da cidade e seguir para o Palácio Real de Madri -  ou Palácio Oriente, como é popularmente conhecido. Suntuoso, é a residência oficial dos reis da Espanha, embora seja impossível encontrá-los por lá, já que o palácio abriga apenas eventos de gala, recepções oficiais e premiações.

À primeira vista, as paredes externas do complexo real impressionam. A cor clara deixa o relevo e a textura das paredes ainda mais à mostra. Obra idealizada por Fray Martín Sarmiento, o projeto ganhou vida ainda no século 17 e, assim como toda Espanha, marcada por guerras e conflitos civis, sofreu um grande incêndio e precisou ser totalmente reconstruído. Entre pedras e cinzas, ainda é o maior de toda a Europa Ocidental. Quase 1.000 janelas adornam o prédio em seus mais de 2.800 cômodos - em alguns destes, aliás, não se entra há anos.

Os turistas, no entanto, não admiram apenas a fachada externa do prédio. O Palácio do Oriente é atualmente museu que preserva a história de seus monarcas e da cultura espanhola intrínseca em suas paredes e cortinas.

O interior do acervo recebe obras de Juan de Flandres, Caravaggio, Velázquez, Mengs, Tiepolo, Goya, entre outros, além de possuir a maior coleção de instrumentos Stradivarius do mundo. O destaque fica para a sessão da Armaria Real, com todos os trajes dos soldados que, do século 13 em diante, vestiram o uniforme para defender o território espanhol. O mobiliário - incluindo louças, porcelanas e tapeçarias - foi totalmente restaurado e grifa a importância histórica do lugar.

Após o passeio de cerca de três horas pela parte interna do prédio (visto que você não consegue visitar todos os cômodos e andares do edifício, que vive em constante processo de preservação), é hora de sair e ganhar os jardins reais.

O Jardins do Campo do Mouro recebem esse nome porque o gramado já serviu de acampamento para mulçumanos na Idade Média. Mas apenas sob o comando real de Isabel II é que o local começou a ganhar forma e aparência de jardim. Após anos de abandono de um período negro na história da realeza espanhola, flores e árvores ornamentaram o lugar.

Os Jardins de Sabatini, que também rodeiam a construção do Palácio Real, ganharam desenho francês e monumentos artísticos durante toda a trilha. As estátuas dos reis espanhóis que deveriam decorar a fachada do prédio, no entanto, de tão pesadas, foram para o chão e servem de pano de fundo para a beleza do jardim real, dividindo as atenções com fontes de água de beleza ímpar.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.

Mais Lidas

;