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GM avalia esticar o lay off até setembro

Ampliar suspensão temporária do contrato com redução de salário depende da avanço da doença

Por Yara Ferraz
do Diário do Grande ABC
03/04/2020 | 00:05
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Claudinei Plaza/DGABC


Um dia depois de assembleia de trabalhadores da fábrica de São Caetano aprovarem proposta que prevê até quatro meses de lay off (licença de trabalho remunerada), a GM (General Motors), admitiu ontem a possibilidade de estender a medida pelo período de até cinco meses. O acordo que teve aval dos funcionários prevê ainda a redução nos salários entre 5% e 25%, com suspensão do contrato de trabalho.

De acordo com a montadora, as medidas, que também incluem redução da jornada de trabalho de alguns funcionários, “terão duração inicial de dois meses com possibilidade de extensão a cinco, podendo ser canceladas em caso de retorno da demanda do mercado a uma situação de normalidade”, informou, em nota.

Segundo o presidente do sindicato, Aparecido Inácio da Silva, o Cidão, a entidade trabalha com expectativa de quatro meses dentro da medida. Ainda não há um número fechado, mas a estimativa é a de que pelo menos 5.000 trabalhadores estejam com os contratos de trabalho pausados a partir do dia 13.

“A legislação prevê que o lay-off possa ser de dois a cinco meses. Então, existe esta perspectiva. Mas as conversas preliminares que tivemos com empresa falavam de dois meses, podendo ser prorrogada por mais dois. Estamos torcendo para que se normalize e Deus ajude que não precise de mais esse período”, disse o sindicalista.

A GM informou que o pacote, também aprovado pelos trabalhadores da fábrica em Gravataí, no Rio Grande do Sul, e do Campo de Provas de Indaiatuba, Interior do Estado, contempla “um programa de redução de jornada e salário para empregados que seguem trabalhando em home office, inclusive o presidente e toda a liderança, em diferentes percentuais. Para empregados até nível de gerência, uma hora a menos na jornada diária, com 12,5% de redução no salário bruto; para executivos de nível de diretoria e acima, o impacto será de 25% de redução no salário bruto”, afirmou a montadora.

O programa de lay-off, que impacta a maior parte dos empregados horistas e mensalistas de todas as área e níveis do Brasil, prevê redução salarial entre 5% e 25% do salário líquido, de acordo com faixa salarial. “No início das negociações nós pedimos licença remunerada, mas não houve perspectivas”, disse Cidão.

A GM ressaltou que as medidas são emergenciais, tendo como objetivo a preservação dos empregos, e que acompanha a evolução do cenário.

O governo anunciou MP (Medida Provisória) que regulamenta o corte de salário proporcional à redução de jornada (leia mais na página 6) nesta semana para a preservação dos empregos formais. O percentual pode chegar a 70%.

De acordo com Cidão, a entidade estuda se a medida é mais vantajosa para o trabalhador do que a atual suspensão, mas não descarta voltar a falar com a GM sobre o assunto.

As demais montadoras da região, que também estão com a produção paralisada, ainda adotam o esquema de férias coletivas ou folgas. Algumas, como a Volkswagen e a Toyota, já prorrogaram a medida. A Scania não descarta adotar outras ferramentas

O presidente do SMABC (Sindicato dos Metalúrgicos do ABC), Wagner Santana, o Wagnão, não descarta que as outras empresas recorram à medida. “Acredito que esta MP deva ser utilizada e inicialmente as empresas ainda estejam analisando, porque é algo muito novo”, afirmou. 




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