Nacional Titulo
Assessor de Humberto Costa é envolvido na Máfia do Sangue
29/05/2004 | 19:50
Compartilhar notícia


As investigações da Polícia Federal sobre a Máfia do Sangue, quadrilha especializada no suborno e desvio de recursos do Ministério da Saúde, confirmam o envolvimento no escândalo de um dos mais importantes assessores do ministro Humberto Costa. O ex-diretor do Fundo Nacional de Saúde, Reginaldo Muniz Barreto, demitido na semana passada por "precaução", teria recebido suborno de R$ 723.800 do laboratório Novo Nordisk, segundo cópia do inquérito da PF revelada pela revista Época desta semana.

Responsável por comandar um orçamento de R$ 30 bilhões anuais, Reginaldo Barreto é suspeito de ter beneficiado o laboratório numa concorrência para compra de insulina. Nas gravações feitas pela PF, os intermediários do Novo Nordisk se referem à medicação, destinada a diabéticos, como “açúcar” ou “cristal”, e o nome do ex-diretor do Fundo surge numa conversa interceptada pela polícia às 14h26 do dia 22 de janeiro.

Os interlocutores são dois lobistas já presos pela Operação Vampiro: Jaisler Jabour, o Francês, e Laerte Corrêa Júnior, o Gordo. Na conversa, Corrêa afirma: “Tudo aquilo que me foi prometido, que o Reginaldo falou que estava empenhando, aconteceu”. Cerca de três horas depois, a mala com mais de R$ 700 mil seguiu do aeroporto de Jacarepaguá, um aeroclube de vôos regionais do Rio para Brasília.

Em outra gravação, a PF conseguiu registrar uma conversa na qual o empresário e lobista Lourenço Rommel combina com um doleiro chamado João detalhes da suposta remessa dos R$ 723 mil para Reginaldo Muniz Barreto. Segundo revelou O Globo ontem, Rommel, que é apontado como um dos mentores das fraudes nas licitações da Saúde, conta com patrimônio de R$ 7,1 milhões só em imóveis no Distrito Federal. Uma mansão do Lago Norte comprada no ano passado é avaliada em R$ 1,7 milhão.

A PF não interceptou o dinheiro enviado a Barreto porque queria documentar a atuação da quadrilha, toda ela registrada em fotos e grampos telefônicos. O suborno chegou a Brasília, mas a remessa seguinte, de R$ 350 mil, terminou apreendida no aeroporto de Jacarepaguá – um aeroclube que recebe vôos regionais e não ganha muita atenção das autoridades. O portador, que atendia por Jesse James, acabou preso.

A PF pediu a quebra dos sigilos bancário e fiscal de Reginaldo, mas até agora não explicou por que não incluiu o nome dele no pedido de prisão preventiva.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;