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IBM ajuda a desvendar o segredo do DNA
Sérgio Vinícius
Do Diário do Grande ABC
05/02/2001 | 17:47
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Em pouco tempo, provavelmente no início do segundo semestre deste ano, a IBM reunirá as duas torres de seu supercomputador Blue Gene. A máquina, a maior não-governamental do mundo, pode realizar 1 quatrilhão de operações por segundo e está sendo utilizada no estudo das proteínas, uma das mais complicadas etapas do Projeto Genoma, que visa mapear o DNA humano.

Na verdade, o Blue Gene pode realizar diversas tarefas, assim como seu antecessor, o Deep Blue, que ficou famoso por derrotar o famoso enxadrista russo Garry Kasparov, mas está sendo voltado ao estudo das proteínas por dois motivos: como é o mais rápido computador do mundo, consegue processar dados complexos, mas finitos, em um curto espaço de tempo. Além disso, o supercomputador pode funcionar para a IBM como uma ferramenta de marketing (leia reportagem ao lado).

“O Blue Gene, atualmente, está sendo empregado na análise do processo de “dobra” das proteínas, que, dependendo do modo como se ligam dentro das células, pode causar doenças ao ser humano”, explica Fábio Gandur, gerente de novas tecnologias da IBM. “O projeto Genoma dá os ingredientes da receita. O supercomputador é responsável por unir os componentes de modo substancial.”

No final do ano passado, quando foi anunciado, o Blue Gene trabalhava com 1.250 processadores. Até o final da pesquisa, a máquina deve contar com 5 mil. Mas, embora a parte que caiba aos processadores seja vital para o funcionamento do Blue Gene ou de qualquer computador, por menor que seja, a chave para montar a supermáquina foi um algoritmo desenvolvido para gerenciar as funções de cada um dos chips.

“Na primeira vez em que a IBM uniu dois processadores em uma máquina, a mesma tarefa era dividida em duas e, embora o tempo de resposta do computador fosse baixo, ainda não era a solução ideal”, explica Gandur. “O algoritmo desenvolvido pela IBM realiza um procedimento lógico (matemático) para realizar a tarefa, subdividindo-a em etapas mais simples. Devido ao algoritmo, foi possível desenvolver o Deep Blue e, conseqüentemente, o Blue Gene.”

O supercomputador funciona, de forma simplificada, como uma CPU. A diferença se dá nas proporções em quantidade e capacidade do Blue Gene. Ao desenvolver a máquina, por exemplo, foi necessário utilizar chipsets de cerâmica, resfriados com compostos químicos, para suportar os chips de 1 gigaflop, capazes de rodar 1 bilhão de operações por segundo. “Essa foi uma das etapas mais trabalhosas do processo, pois, até chegarmos à composição ideal da cerâmica, alguns milhões de dólares foram, em cacos, para o lixo”, explica Gandur.

Uma vez desenvolvidos os chipsets, 32 chips foram colocados em uma placa, que gerenciava as operações e funciona basicamente como um chip gigante. A partir daí, esses processadores gigantes foram acoplados a uma outra placa, que funciona como uma placa-mãe “anabolizada”. O próximo passo foi desenvolver as torres, empilhando as placas em oito andares, o que gera 16 teraflops (16 trilhões de operações por segundo). Esses módulos interligados apresentam capacidade de processamento de 1 petaflop, que é o Blue Gene. “Em toda pesquisa, o gargalo do sistema é sempre a fase de testes. Até chegarmos a esse desempenho, milhares de dólares foram gastos”, conclui Gandur.




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