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País deve ter novos estaleiros até 2011
01/11/2009 | 07:58
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Pelo menos oito novos estaleiros de grande porte, no valor estimado de US$ 10 bilhões, estão sendo projetados por grupos nacionais e estrangeiros para operar no Brasil entre 2010 e 2011. O reforço visa atender as demandas crescentes de construção de sondas de perfuração, plataformas e navios petroleiros, que devem atingir R$ 150 bilhões em cinco anos, de acordo com o Sinaval (Sindicato Nacional da Indústria Naval).

"Há aumento do interesse de empresas privadas por investir nesta área no Brasil. A demanda é certa", comentou o ministro dos Portos, Pedro Brito.

Somando os estaleiros de pequeno porte, para atender à necessidade de embarcações de apoio, as novas unidades podem somar 17 em três anos.

A aposta dos investidores é que o governo brasileiro mantenha a política adotada desde 2003, de exigência de conteúdo nacional, garantindo volume de encomendas continuado para os próximos dez anos.

Segundo o Sinaval, esta política fez o número de empregos da indústria naval aumentar de 1.900 para 49 mil nos últimos seis anos.

De olho nesta elevada capacidade de geração de vagas - entre 3.000 a 5.000 em cada novo estaleiro -, os governos estaduais têm travado acirrada disputa por investimentos, numa reedição da guerra fiscal para atração da indústria automobilística nos anos 1990.

Os Estados mais agressivos na competição são Pernambuco, Bahia e Santa Catarina. Correndo por fora vêm Rio Grande do Sul e Ceará, com um estaleiro cada, e o Maranhão, que oferece como principal vantagem o Porto de Itaqui, um dos maiores do País.

Berço da indústria naval e detentor de sete dos dez principais estaleiros hoje, o Rio de Janeiro também tenta novos projetos, mas, segundo o secretário de Desenvolvimento, Julio Bueno, "não vai entrar em disputa". "Acho saudável a desconcentração", disse. Segundo ele, pelo menos quatro instalações podem vir a se fixar no Norte Fluminense e outro projeto vem sendo avaliado para Itaguaí.

Entre os principais investimentos previstos para o setor estão o do grupo de Eike Batista, o OSX, que vai construir estaleiro em Santa Catarina; consórcio formado pelas construtoras OAS, Odebrecht e UTC para construir na Bahia; o grupo Eisa, do empresário German Efromovich, em Alagoas; o Jurong, de Cingapura, no Espírito Santo, e o sul-coreano STX, em local ainda indefinido.

A estes investimentos somam-se ainda estaleiros que não foram oficialmente anunciados e devem ser instalados em São Paulo, Ceará e Santa Catarina. Todos com investimentos entre US$ 800 milhões e US$ 1,5 bilhão.

Também estudam a construção de uma segunda unidade o Estaleiro Atlântico Sul (Camargo Corrêa e Queiroz Galvão), hoje considerado o maior da América Latina, e o estaleiro Mauá, do empresário German Efromovich, que avalia área no Maranhão.

Entre as unidades de pequeno porte (até US$ 350 milhões), estão o da construtora Mendes Júnior, que avalia área no Rio de Janeiro, e a Alusa, juntamente com a Queiroz Galvão, no Porto de Suape (PE).

Pernambuco ainda deverá contar com um terceiro estaleiro que, segundo informou publicamente o governador Eduardo Campos, deverá ser anunciado na próxima semana. Já em Santa Catarina, segundo o governo local, há um grupo de São Paulo interessado em construção bilionária, que deverá somar-se ao projeto de Eike Batista para o Estado e também ao do grupo Edson Chouest, já instalado com investimentos próprios.

Estes novos empreendimentos, incluindo área que será arrendada pela Petrobras para ser ofertada em novas licitações, devem triplicar o atual parque da indústria naval, que corresponde atualmente a área de 3,5 milhões de metros quadrados.

Parece muito, mas apenas um estaleiro asiático ocupa área superior a esta. É o caso do Hyundai, instalado em 6 milhões de metros quadrados, com capacidade de cortar 2 milhões de toneladas de aço por ano e construir anualmente 70 navios, ou seja, um a cada quatro dias.

"Comparadas a este volume, as encomendas brasileiras parecem algo insignificante, mas é um começo sólido", disse o gerente do Departamento de Transportes e Logística do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Antônio Carlos de Andrade Tovar. Ele estima que pelo menos US$ 70 bilhões em projetos devem passar pelo BNDES em busca de financiamento nos próximos dois anos, dos quais US$ 55 bilhões da Petrobras e US$ 15 bilhões da OGX, empresa do Grupo Eike Batista.




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