A Polícia Federal, em ação conjunta com a Receita Federal, prendeu nesta quarta-feira os donos da Schincariol. Eles são acusados de liderar um esquema de sonegação fiscal que tirava mais de R$ 600 milhões dos cofres da Receita por ano.

A megaoperação, chamada de "Cevada", acontece em 12 Estados: São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, Ceará, Pará, Rio Grande do Norte, Tocantins, Maranhão, Paraná, Goiás e Pernambuco. Mais de 600 policiais federais participam dela, juntamente com 180 fiscais da Receita. Mais de 60 acusados já foram detidos.

Na sede da Schincariol, em Itu (interior de São Paulo), os agentes encontraram grande quantidade de dinheiro no fundo falso de um cofre. Todas as apreensões serão encaminhadas para a Receita Federal no Rio de Janeiro, onde passarão a ser analisadas por investigadores da Polícia Federal e Receita.

As investigações começaram há cerca de dois anos e foram concentradas nas indústrias de cervejas e refrigerantes do grupo em Itu e Cachoeiras de Macacu (RJ). De acordo com a Receita, a empresa montou o esquema de sonegação com distribuidoras de bebidas.

A forma usada para fraudar era a do sub-faturamento. As notas fiscais dos produtos da Schincariol indicavam um valor abaixo do real. A diferença era paga 'por fora' em dinheiro.

Segundo o procurador da República José Maurício Gonçalves, há indícios de envolvimento de fiscais da Receita e da Polícia Militar em alguns Estados. "No Rio, por exemplo, foram encontrados indícios da participação de alguns servidores fiscais e, em Minas, de alguns policiais rodoviários", disse.

O Ministério Público Federal (MPF) já pediu a prisão temporária dos integrantes da Schincariol e das empresas parceiras. O MPF deve oferecer denúncia por formação de quadrilha, com possível conexão com o crime de corrupção ativa, além de crime de sonegação fiscal.