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Panfleto britânico pede ajuda ao povo iraquiano
Da AFP
04/04/2003 | 12:30
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A interminável batalha de Basra está obrigando as tropas britânicas a usar a imaginação e buscar formas mais sutis do que o confronto direto para "libertar" a cidade, tais como a propaganda distribuída na entrada da cidade a partir desta sexta-feira.

"Desta vez, não os abandonaremos, sejamos pacientes e ganharemos juntos", diz o texto, escrito em inglês e árabe, nos panfletos distribuídos pelos soldados nos subúrbios de Basra. Milhares de exemplares, nos quais aparece um sorridente soldado britânico de mãos dadas com um árabe, são entregues a todos os transeuntes e motoristas que entram na cidade, onde as tropas enfrentam há dias um foco de resistência de "várias centenas de milicianos" de Saddam Hussein.

"Estamos aqui para libertar o povo iraquiano. Nosso inimigo é o regime, não as pessoas. Necessitamos de sua ajuda para identificar o inimigo, para reconstruir o Iraque. "Ficaremos pelo tempo que for preciso", adianta o texto, no qual é citada uma estação de rádio, Nahrain FM, dirigida pelas tropas britânicas, em que são divulgadas diariamente essas mensagens conciliadoras, informações sobre a guerra junto com os últimos sucessos musicais de Jennifer Lopez, de Abbas e dos Bee Gees.

O texto, entretanto, não faz qualquer referência às incursões iniciais das tropas britânicas, que passaram por povoados iraquianos, simplesmente ignorando os apelos dramáticos dos habitantes para que lhes fossem fornecidos alimentos e água.

Os iraquianos que recebem o panfleto respondem com um irônico sorriso, dizem "thank you", mas alguns metros depois jogam o papel no chão, demonstrando certa repugnância. "A Grã-Bretanha não tem o menor interesse no que possa acontecer conosco. Só quer a cabeça de Saddam. Depois, se esquecerá de nós como fez até agora", assegura Ahmed, um ancião que caminha para Basra com uma sacola de tomates sem nem sequer parar para receber o panfleto que um soldado lhe oferece.

Mesmo assim, o capitão Mickey O'Flynn, da 7ª brigada da unidade Ratos do deserto, finge não ver o que está acontecendo à sua volta e afirma para os jornalistas espantados: "É, em geral a população está cada dia mais amável conosco. Acho que estão entendendo que o regime de Saddam está nos estertores. Além disso, agora somos nós que lhes damos comida e água".

Enquanto os militares invasores tentam penosamente convencer a população de suas boas intenções, disparos de artilharia pesada que procedem do mesmo bairro em que se encontram as tropas trazem de volta todos os presentes, inclusive os próprios britânicos, à realidade da guerra.

E a verdade é que, com ou sem propaganda, as tropas britânicas continuam sem controlar a cidade, onde se entrincheiram "algumas centenas de milicianos". Nos últimos dias, os britânicos não conseguiram avançar mais do que um quilômetro em direção ao centro da cidade.




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