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PF inicia ação contra os caça-níqueis
23/02/2004 | 22:13
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A Polícia Federal (PF) começou nesta segunda-feira uma grande operação em bares, restaurantes e padarias para lacrar e apreender caça-níqueis que ainda funcionam, em desobediência à Medida Provisória (MP) 168, baixada pelo governo na sexta-feira. A MP proibiu os bingos e a exploração dessas máquinas em todo o país. A PF também ameaça prender fornecedores de máquinas de jogos que insistirem em desrespeitar a determinação.

Segundo dados do governo, 99% das 1,1 mil casas de bingo no país estão fechadas, mas muitas máquinas de jogo funcionam em estabelecimentos comerciais. “Donos de bares estão equivocados quando dizem que a MP não atinge as máquinas em seus estabelecimentos”, alertou o diretor-geral da PF, Paulo Lacerda. “A proibição e a multa são para todos.”

A PF decidiu realizar a operação no fim de semana, quando percebeu que, apesar de os bingos estarem fechados, muitos donos de casas comerciais de Brasília mantinham as máquinas em funcionamento.

Segundo a PF, em muitos casos, os proprietários ignoram a MP. Por isso, num primeiro momento, os agentes apenas orientarão as pessoas e lacrar as máquinas, para, depois, caso haja desobediência, aplicar multa diária de R$ 50 mil, como determina a MP.

“Os donos de bares têm uma participação sobre o lucro dos caça-níqueis. A intenção é lacrar os equipamentos e apreendê-los. A blitz só não atingirá casas de fliperama, que, apesar de serem local de jogos, não movimentam dinheiro”, disse Lacerda. Segundo ele, de início, a PF não abrirá nenhuma nova divisão para fiscalizar bingos. “Isso será adotado no futuro, se verificarmos necessidade.”

Prisão – O alvo principal da PF são os fornecedores de máquinas caça-níqueis. Um levantamento feito no fim de semana constatou que o grupo é pequeno, mas continua atuando. “Vamos fazer operações, mas nosso objetivo principal são os cabeças, as pessoas que fornecem equipamentos”, afirmou Lacerda. “Se forçarem a situação na vigência da MP, podemos até pedir a prisão preventiva de quem desobedecer.”

Desde 1999, a PF sabe que os principais fornecedores de máquinas são estrangeiros. Documentos em poder do Ministério Público Federal indicam que pelo menos três grupos – coreanos, espanhóis e italianos – dominam o mercado na América do Sul.

O bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, que gravou vídeo no qual o ex-subchefe de Assuntos Parlamentares da Casa Civil Waldomiro Diniz pede propina, teria relações com esses grupos.

Cachoeira seria ligado ao grupo coreano Picosoft, que começou a atuar em Goiânia, estendendo, depois, os negócios para Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e parte de Minas. O bicheiro também expandiu as atividades, criando loterias online.

Conforme o Ministério Público, o espanhol Alejandro Ortiz seria o principal fornecedor de caça-níqueis do país. Ortiz afirma não ter ligação com grupos mafiosos. Ele diz dedicar-se a uma atividade “lícita e regulamentada”.




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