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Polícia ‘libera’ favela em Sto.André
Glauco Araújo
Do Diário do Grande ABC
22/05/2003 | 20:55
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Uma operação conjunta entre as polícias Civil e Militar da região foi montada durante a madrugada de quinta-feira na favela da Cata Preta, em Santo André, para prender criminosos que impediam o trabalho de agentes municipais das áreas de saúde, assistência social e habitação. O saldo da operação não foi divulgado, mas dois imóveis foram identificados pela polícia como possíveis cativeiros. O delegado titular da Seccional Santo André, George Henry Millard, garantiu a segurança dos funcionários públicos depois da incursão da polícia na favela, que se iniciou por volta das 3h de quinta-feira e terminou no fim da manhã. “Não haverá lugar algum em Santo André em que a polícia e representantes do poder público não possam circular.” A favela, onde moram 6 mil pessoas, tem 1,2 mil moradias em uma área de 110 mil m², dividida nos núcleos I, II e Eucaliptos.

“O problema se agravou nos últimos dois anos”, disse o secretário de Combate à Violência Urbana de Santo André, Edson de Jesus Sardano. Apesar de a convivência tensa dos agentes da Prefeitura com as ameaças dos chefes criminosos locais ser antiga na favela da Cata Preta, a insegurança chegou a ponto de impedir totalmente ações nas áreas da favela – entre elas a campanha de combate à dengue.

“Essa operação nasceu da dificuldade de a Prefeitura agir naquela região. O problema oscilava em alguns períodos, mas ficou insustentável. Houve ocasiões que tivemos funcionários parados em carros oficiais e impedidos de seguir para a favela. Em outras situações, tivemos funcionários com armas apontadas contra eles, além de várias ameaças de morte”, disse Sardano.

A Polícia Civil montou uma força-tarefa para apurar a situação a partir de diversas denúncias relacionadas à favela. “Foram três meses de investigação sigilosa, com escutas telefônicas. Foi a ciência policial que permitiu que as polícias Civil e Militar deflagrassem o processo nessa operação de hoje (quinta-feira)”, disse Sardano.

O inquérito instaurado para investigar o caso segue em segredo de Justiça. “Esse foi apenas o começo do trabalho. O cidadão não pode ter frustrado o direito constitucional de poder ir aonde quiser”, disse o delegado Millard. “A operação terá efeito pedagógico, pois nenhum criminoso será herói ou vai virar santo nessa favela. A comunidade vive uma ambigüidade muito grande. Ao mesmo tempo em que reclamava da ausência da Prefeitura, mantinha a lei do silêncio.”




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