Economia Titulo
Argentina pode forçar alta
Das Agências
14/10/2001 | 21:23
Compartilhar notícia


A maior parte dos analistas não acredita em choque de juros, mas a hipótese volta a ser mencionada quando se cogita eventual ruptura na Argentina. O diretor do Departamento de Economia da PUC-Rio, Márcio Garcia, é um dos que cogitam a possibilidade, dependendo do resultado e das conseqüências das eleições parlamentares realizadas ontem. Ele entende que, quando a Argentina encontrar seu caminho, qualquer que ele seja, o BC pode ter de elevar os juros.

Uma renegociação da dívida ou mudança na política de câmbio fixo poderiam provocar a disparada do dólar no Brasil, o que talvez exigisse resposta de política monetária, afirma o ex-presidente do BC Gustavo Loyola. A dificuldade é saber quando isso vai ocorrer.

O economista-sênior para mercados emergentes do Banque Nationale de Paris (BNP) Paribas em Nova York, Ricardo Amorim, é pessimista em relação à Argentina. Ele prevê que a política de déficit fiscal zero deve ruir em breve. Para o banco, o déficit orçamentário deve atingir US$ 600 milhões em outubro e superar US$ 1 bilhão em novembro e dezembro.

“Para manter o déficit zero, será preciso corte de 25% nos salários de servidores públicos e aposentadorias em novembro. Não há condições políticas e sociais para adotar medidas como essas.” Por isso, Amorim acredita que o país vai ter de renegociar a dívida este ano, o que poderá pressionar o câmbio no Brasil. Não é à toa que o BNP Paribas estima que o dólar feche o ano em R$ 3,00. Ele entende que, se o resultado das eleições de domingo acentuarem a desvalorização do real, é possível que o Copom eleve a Selic em meio ponto porcentual para deixar claro que não está passivo em relação à pressão sobre o câmbio, sinalizando compromisso com a política de metas inflacionárias.

Para Amorim, os juros devem encerrar o ano em 22%. Esse minichoque monetário seria uma resposta à deterioração da Argentina. Segundo o economista, a reestruturação da dívida do país vizinho poderá implicar perda de 40% para os credores.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;