O presidente eleito da Bolívia, Evo Morales, afirmou nesta sexta-feira que convidou a Petrobras a ser sócia de uma nova empresa estatal boliviana para a exploração de recursos como o gás natural. "Quero reafirmar o que disse em campanha. Vou proteger os investimentos privados e vamos garantir às empresas o direito de recuperar seus investimentos", disse Morales em entrevista coletiva à imprensa, após almoço com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Segundo Morales, daqui para frente, porém, os investidores serão sócios do governo boliviano, pois o país exercerá seu direito de propriedade sobre os recursos naturais. A nova Lei de Hidrocarbonetos determina que as reservas são propriedade do Estado boliviano, que apenas cede a exploração para uma empresa privada, cobrando uma tarifa pelo uso.

"Precisamos de sócios e a Petrobras será nossa sócia. Mas seremos radicais com as empresas petrolíferas que fazem contrabandos, que não pagam impostos", assegurou presidente, que toma posse no próximo domingo.

Em resposta à proposta de Morales, o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, disse que "é melhor um lucro menor do que um lucro zero’’. "A Petrobras, juntamente com o governo boliviano, vai sentar para estabelecer uma pauta de interesses comuns", afirmou Gabrielli, em entrevista coletiva.

"Há nas duas pontas do mercado um interesse comum que permita que tanto o governo boliviano quanto a Petrobras encontrem meios para a solução de suas diferenças", completou o presidente da estatal.

Segundo dados da empresa brasileira, a Petrobras é responsável por 100% da gasolina consumida no vizinho sul-americano, por 24% da arrecadação de impostos daquele país e por 18% do PIB (Produto Interno Bruto).