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Delegado da PF é preso por pedir propina a empresário
Do Diário OnLine
Com AE
09/09/2003 | 22:15
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O delegado da Polícia Federal Alexandre Morato Creniti, assessor da corregedoria da corporação, foi preso por corrupção e prevaricação. Ele é acusado de pedir R$ 500 mil para o dono da Petroforte, Ari Natalino, apontado como o maior falsificador de combustíveis de São Paulo.

O policial ainda é acusado de informar ao empresário todos os passos da Polícia Federal na tentativa de prendê-lo e de ter facilitado a fuga da ex-esposa dele. A corregedoria da PF anunciou que vai abrir um inquérito administrativo para investigar o caso.

A ordem de prisão do delegado, em caráter temporário por cinco dias, foi decretada pelo juiz Ali Mazloum, da 7ª Vara Federal, que acolheu requerimento do Ministério Público Federal (MPF). Mazloum solicitou ao corregedor-chefe da PF, delegado Dirceu Bertin, que fosse ao Fórum Federal, na tarde desta terça-feira. Bertin saiu do gabinete do juiz com o mandado de prisão do colega em mãos.

Crenite recebeu voz de prisão em seu gabinete, na sede da PF, na Lapa, zona Oeste, no mesmo momento em que 12 advogados da União tomavam posse em solenidade festiva no auditório, com um concorrido coquetel patrocinado pela Caixa Econômica Federal. Prestigiavam o evento o diretor-geral da PF, delegado Paulo Lacerda, e o superintendente regional, Francisco Baltazar.

Promiscuidade - O suposto esquema foi descoberto com base em autorização de escuta telefônica concedida pela 12ª Vara Federal de Brasília. Era investigada uma rede de contrabando de cigarros e de adulteração de combustíveis. Caíram no grampo, além do delegado, o antigo advogado do empresário, Wellengton Campos, e a ex-mulher de Natalino, Aparecida Maria Pessuto. O empresário teve prisão decretada por Mazloum e internou-se, em março, no Hospital Israelita Albert Einstein - onde permaneceu sob escolta da PF.

Segundo a polícia, a corrupção aconteceu a partir da ordem de prisão de Natalino, uma semana antes de sua internação. Quem comandava a investigação era Crenite, que na época integrava a equipe de elite da PF, a Delegacia de Combate ao Crime Organizado e Inquéritos Especiais (Delecoie). A escuta revelou que o delegado, em supostas negociações com o advogado, exigiu os R$ 500 mil para não cumprir a ordem de prisão. "O montante a ser pago a Alexandre fora negociado por Wellengton", diz o MPF.

Para a Procuradoria da República, o delegado "teria sido literalmente comprado para 'resolver' a situação dos acusados".

Ari Natalino, acusado de sonegação de impostos e adulteração de combustíveis, conseguiu na sexta-feira um habeas-corpus, que garantiu sua libertação. O empresário foi condenado a quatro anos e meio de prisão por crime contra a ordem tributária. No processo, ele é acusado de sonegar até R$ 15 milhões entre 1997 e 2000.




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