Passados quase dois meses das denúncias do suposto esquema de propina na liberação de licenças ambientais no Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André), os desdobramentos das investigações, na concepção de especialistas, acarretam em desgaste político aos eventuais envolvidos, em especial ao governo Aidan Ravin (PTB). O panorama, para os analista, tem forte tendência de ser refletido na eleição de outubro.

É inevitável que a administração sofra as piores consequências de um escândalo de possível sistema de corrupção na autarquia, denunciado por funcionário de segundo escalão: o então diretor Roberto Tokuzumi. Entretanto, surgiram com certa intensidade respingos do caso para a pré-candidatura ao Paço do ex-secretário de Gabinete Nilson Bonome (PMDB), pelas citações em depoimentos de sua suposta participação.

Rui Tavares Maluf, cientista político e professor da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, afirma que a massificação do caso pode atingir diretamente governo e pessoas mencionadas na ação. "Depende da repercussão e inteiração popular. Obviamente a máquina pública é sempre mais visada para o bem ou mal", disse referindo-se ao pleito, ponderando que somente as conclusões das apurações da Polícia Civil, Ministério Público e CPI trarão os devidos esclarecimentos.

Cientista político da Fundação Getulio Vargas e da Fundação Santo André, Marco Antonio Carvalho Teixeira corrobora que a administração, assim como Bonome, devem perder eleitoralmente com a situação. "Pela proximidade do processo eleitoral se torna agravante, ficando numa circunstância ruim perante a população e sobra resquício ao PMDB, por conta das declarações dos depoentes. Provoca danos (em votos) aos dois."

Afirmando acompanhar todo o episódio nos noticiários, Teixeira avalia que o índice de saldo negativo fica ao governo principalmente pela denúncia nascer internamente. "Saiu de dentro, por pessoa de confiança do prefeito. Isso é bem prejudicial."

Aidan tem reiterado que, se houver qualquer prova de algo ilícito e imoral dentro do Semasa, irá intervir imediatamente desligando os envolvidos.

Para Teixeira, as pré-candidaturas de Carlos Grana (PT), do PSDB (nome indefinido) e Raimundo Salles (PDT) entram "gratificados" no páreo por estarem fora da gestão. "Terceiras e quartas vias se viabilizam nesses momentos. Ganha quem apresentar melhor programa de governo ou discurso." Edgard Brandão (PSC) e Alexandre Fláquer (PRTB) são outros pré-candidatoss na corrida eleitoral.