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seguranças de PC podem ser indiciados por duplo assassinato
Do Diário do Grande ABC
23/04/1999 | 18:24
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O delegado Antônio Carlos Azevedo Lessa, responsável pelo inquérito que apura as mortes do empresário Paulo César Farias, o PC, e da namorada dele, Suzana Marcolino, disse nesta sexta-feira que nao descarta a possibilidade de indiciar os ex-seguranças do ex-tesoureiro da campanha presidencial do entao presidente Fernando Collor de Mello pelo duplo assassinato.

"Estamos colhendo elementos que podem chegar a essa possibilidade", afirmou Lessa, que descarta a hipótese de crime passional, defendida pela polícia alagoana e pelo médico legista Fortunato Badan Palhares, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), no interior de Sao Paulo.

"Com base em dados da perícia técnica e nas falhas que encontramos no laudo do legista Badan Palhares, sobretudo com relaçao à diferença na altura de Suzana e na posiçao que o corpo dela foi encontrado, descartamos a hipótese de homicídio seguido de suicídio", afirmou Lessa, que comanda as novas investigaçoes sobre o caso, junto com o delegado do 3º Distrito Policial (DP), Alcides Andrade - o mesmo que investiga o recente assassinato do sargento da Polícia Militar Rinaldo Lima, ex-segurança de PC.

Para Andrade, a morte de Lima pode ter sido "queima de arquivo", como afirma o médico legista alagoano George Sanguinetti. Por isso, o delegado investiga se o assassinato do ex-segurança tem ligaçao com a reabertura do caso PC. O sargento foi assassinado com três tiros de revólver, quando passava por uma favela de Maceió, na Sexta-Feira da Paixao (02). "O Rinaldo pode ter sido vítima de uma cilada porque foi envolvido numa briga de galera, onde só ele se deu mal", afirmou o delegado.

Segundo Andrade, a mulher de Lima foi chamada para depor sobre a morte do marido, mas nao compareceu. "Como ela está para depor no inquérito do caso PC, vamos aproveitar para a ouvir também sobre a morte de Rinaldo", afirmou Andrade, acrescentando que o traficante José Marcoos Barbosa, de 23 anos (conhecido por "Boi"), apontado como assassino do sargento, está desaparecido. Para o delegado, "Boi" deve ter sido assassinado por "queima de arquivo ou vingança pessoal".

Os delegados começam na terça-feira (27) a ouvir os peritos alagoanos que atuaram no caso: Gérson Odilon, Nivaldo Cantuária, Horácio Brasileiro e Anita Gusmao. Na quarta (28), ouvirao os delegados Cícero Torres (que presidiu a primeira fase do inquérito) e Antonio Monteiro. Depois, prestam depoimento os ex-seguranças, os empregados que estavam na casa no dia do crime e os demais ouvidos na primeira fase do inquérito, incluindo o deputado federal Augusto Farias (PPB-AL), irmao de PC.

Palhares será ouvido após o dia 15, quando vence uma licença médica apresentada aos delegados. Para Lessa, o depoimento dele é de fundamental importância, uma vez que, no laudo dele, foi detectado erro na altura de Suzana, "que muda completamente a trajetória da bala". Além disso, o delegado estranha por que nao tinha mancha de sangue de Suzana na arma do crime, por que rasgaram a parte das assinaturas nos documentos dela e por que o celular da namorada de PC continua sumido.




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