Economia Titulo
Indústria de máquinas vai pedir mais salvaguardas
Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
28/04/2011 | 07:11
Compartilhar notícia


A Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos) prepara pedidos ao governo federal para análise de, pelo menos, mais 15 salvaguardas contra a China, como forma de proteger a produção nacional da invasão de itens daquele país.

A salvaguarda é instrumento de defesa comercial que pode ser adotado pelo Brasil, com base em estudos que mostrem forte perda de espaço das fabricantes nacionais no mercado local, e pode envolver tanto restrição de quantidade de determinado produto quanto imposição de adicional à TEC (Tarifa Externa Comum) do Mercosul.

A associação ingressou recentemente no Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior com solicitações para proteção de chaves de fenda, válvulas tipo borboleta e guindastes e já havia divulgado que tinha mais quatro solicitações "no forno", para correntes, bombas centrífugas, compactadores e guilhotina linear. Além destes, mais 15 pedidos devem chegar em breve ao governo.

Segundo o presidente da Abimaq, Luiz Aubert Neto, o objetivo é fazer uso desse mecanismo de defesa comercial, que até hoje foi bem pouco utilizado. Desde 2001, a China recebeu a aplicação de cinco salvaguardas, nenhuma delas do Brasil. O dirigente cita que fabricantes nacionais vêm perdendo participação no mercado local. Em 2004, detinham 60% das vendas no País. Hoje são só 40%. O restante é importação.

BALANÇA - Os números da balança comercial do setor mostram essa perda de espaço para os produtos do Exterior. O segmento, nos últimos anos, viu o saldo comercial (diferença entre importação e exportação) negativo disparar.

Em 2009, foram US$ 11,1 bilhões de deficit; em 2010, foram US$ 15,7 bilhões e, neste ano, a expectativa é de que o resultado chegue a US$ 18 bilhões. Apenas no primeiro trimestre, já são US$ 4,1 bilhões, como reflexo de US$ 6,67 bilhões de aquisições de itens estrangeiros e US$ 2,55 bilhões de vendas a outros países.

E a importação de itens da China cresce em ritmo acelerado. Em 2004, o país asiático detinha 1,1% de participação no total de máquinas importadas (em valores) pelo Brasil. Agora essa fatia chega a 14,5%.

 

Setor amplia vendas, mas reduz uso da capacidade instalada

Apesar do crescimento no faturamento da indústria de máquinas, neste ano, o Nuci (Nível de Utilização da Capacidade Instalada) das fabricantes não tem acompanhado essa expansão. No primeiro trimestre, o setor registrou R$ 18,3 bilhões de vendas, valor 4,6% superior ao do mesmo período de 2010, segundo dados da Abimaq. No entanto, o Nuci em março estava em 80,5% (em relação ao total da capacidade que poderia ser utilizado). No mesmo mês de 2010, esse patamar era de 82,3%.

Para o presidente da Abimaq, Luiz Aubert Neto, o dado mostra que há um processo de desindustrialização. Isso porque, as fabricantes produzem menos, mas estão vendendo mais, o que reflete a substituição da fabricação local pela importação de peças e produtos acabados.

O cenário é preocupante, segundo o dirigente, devido às seguidas elevações da taxa básica de juros (a Selic), que chegou a 12% ao ano neste mês. A alta dos juros torna o País ainda mais atrativo ao capital especulativo do Exterior. Com isso, o real se valoriza frente ao dólar, encarecendo o produto nacional.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;