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PTB pode obstruir votaçao do ajuste
Do Diário do Grande ABC
12/01/1999 | 18:03
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O governo poderá ter nesta quarta uma surpresa na votaçao do pacote de quatro medidas provisórias (MPs) com as quais o governo pretende aumentar em R$ 5 bilhoes a arrecadaçao deste ano e reaver parte das perdas geradas pelo atraso na aprovaçao da nova Contribuiçao Provisória sobre Movimentaçao Financeira (CPMF) pelo Congresso. Insatisfeita com a divisao de cargos no segundo mandato, a bancada do PTB na Câmara promete obstruir a votaçao das MPs e negar ao governo os votos necessários para aprovar as medidas, que alteram a legislaçao tributária federal.

Antes da sessao desta quarta, os 23 deputados do partido vao reunir-se para formalizar posiçao conjunta com o objetivo de mostrar insatisfaçao e pressionar o governo. Hoje, o uso do mecanismo de obstruçao era considerado uma certeza entre os deputados do PTB. A bancada nao esconde a irritaçao com o governo por nao ter sido contemplada com nenhum cargo no primeiro e segundo escaloes do segundo mandato do presidente Fernando Henrique Cardoso, uma vez que nao consideram o ministro do Orçamento e Gestao, Paulo Paiva, como indicaçao do partido.

``Quando tínhamos 23 deputados, nossa cota no governo era de dois ministérios; agora, passamos para 31 deputados e ficamos com meio ministério', reclamou o líder do PTB na Câmara, Paulo Heslander (MG), ironizando a reduçao do Ministério do Planejamento a uma secretaria. Por causa disso, Heslander entrega nesta quarta a liderança do PTB, que deverá ser ocupada provisoriamente pelo deputado Duílio Pisanesch (SP).

Um dos motivos alegados por Heslander para deixar a liderança foi que nao poderia presidir uma reuniao que deverá tomar uma decisao contra o governo. ``Fiz isso para nao parecer retaliaçao', justificou Heslander, que - nao tendo conseguido a reeleiçao - havia sido indicado pela bancada para ocupar uma diretoria na Caixa Econômica Federal (CEF) , que até agora nao saiu. ``Nao tenho mais discurso para segurar a base do partido', lamentou. Heslander explicou que tentou influenciar a bancada para nao fazer a obstruçao numa votaçao em que é necessária apenas a maioria simples, para o governo nao ficar prejudicado.

``A obstruçao será uma primeira sinalizaçao do que pode ser a tendência do partido', avisou. No dia 24, a Executiva Nacional do PTB vai reunir-se para decidir se o partido sai da aliança governista. Caso isso aconteça, a situaçao do governo pode complicar ainda mais, uma vez que os 31 votos petebistas na próxima legislatura da Câmara poderao ser decisivos para aprovar matérias que necessitam de quórum qualificado, como os projetos de emenda constitucional (PECs). ``O PTB sempre foi de negociar depois, mas a situaçao atual é muito mais grave', avalia Heslander, sem dar esperanças.

``O PTB está numa sala com gasolina até o joelho e a fagulha é esse desprezo do presidente Fernando Henrique', afirmou o deputado Nelson Trad (PTB-MS). ``O governo está brincando com fogo', completou o deputado, lembrando que quase metade de atual bancada do partido nao se reelegeu. ``O partido vai fazer obstruçao amanha como forma de expressar essa insatisfaçao', avisou o deputado Philemon Rodrigues (PTB-MG).

O partido também negocia a criaçao de um bloco parlamentar com o PL para a próxima lesgislatura. o que poderá resultar numa bancada de 43 deputados, representando quase 10% da Câmara. ``Nós estamos caminhando para isso', confirmou o líder do PL na Câmara, Valdemar Costa Neto (SP). Segundo ele, há ``insatisfaçao nos dois partidos' e o bloco manterá uma linha de ``independência'.




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