A inflação persistente parece diminuir a chance de o Banco Central retomar os cortes de juros em 2008. No relatório semanal Focus divulgado ontem aumentaram as apostas de analistas do mercado financeiro de que a taxa Selic deve permanecer no atual patamar durante todo o ano de 2008.
Com isso, a mediana da previsão para a taxa ao final do ano subiu de 10,75% para 11,13%. No mercado, há quem aposte, inclusive, que o juro possa aumentar.
No levantamento do BC, que apura as expectativas sobre os principais indicadores econômicos, o mercado se mostrou dividido entre a possibilidade de um corte de 0,25 ponto até o final do ano e a chance de o juro permanecer em 11,25%.
"Os analistas estão revendo suas projeções para cima. Está ganhando força a avaliação de que o juro deve permanecer, no mínimo, estável até o final do ano", diz o economista-chefe da López León Corretora, Flávio Serrano.
Para o economista, a evolução recente da inflação tornou as apostas mais conservadoras. Ele cita a persistência da pressão sobre os preços dos alimentos e uma eventual alta nos serviços e tarifas públicas no decorrer de 2008 como focos de tensão do mercado.
Para Serrano é "muito provável" a projeção da Selic subir para 11,25% no próximo relatório, patamar idêntico ao observado atualmente.
A aposta de juro estável, entretanto, pode ser apenas a primeira etapa de uma projeção ainda mais pessimista. A economista-chefe do ABN Amro Bank no Brasil, Zeina Latif, diz que a probabilidade de aumento do juro no decorrer de 2008 já está próxima de 40%. "Para termos mais clareza sobre essa hipótese, temos de ver quais altas de preço são transitórias e quais não são", diz.
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