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OAB condena nepotismo também no Executivo
Fabrício Calado Moreira e Roney Domingos
Do Diário do Grande ABC
11/04/2005 | 12:16
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Ao comentar levantamento feito pelo Diário nas seis Câmaras do Grande ABC, que mostra que ao menos 10% dos vereadores empregam parentes em cargos de confiança, presidentes das subseções da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) do Grande ABC posicionaram-se contra a nomeação de parentes não só no Legislativo, mas também no Executivo.

“Pior do que o nepotismo nas Câmaras é a nomeação de parentes em cargos comissionados nas prefeituras”, aponta o presidente da subseção de São Bernardo, Fernando Guimarães. “Somos contra a nomeação de parentes no poder público de modo geral. Às vezes o grupo de apoio ao prefeito tem parentes na Prefeitura. É nepotismo por extensão”, resume José Sinésio, da OAB de Santo André.

O argumento de todos os parlamentares que empregam parentes é que, por tratar-se de cargos de confiança, nada melhor que alguém em que eles confiem. O presidente da Câmara de São Bernardo, Laurentino Hilário (PSDB), proibiu que a assessoria de imprensa fornecesse os nomes de funcionários em cargos de confiança nos gabinetes.

Rejeição – Na avaliação da presidente da OAB de São Caetano, Rosângela Negrão, a atitude do presidente da Câmara dos Deputados, Severino Cavalcanti (PP-PE), de defender a contratação de parentes, desencadeou processo de rejeição na sociedade. “Querendo institucionalizar o nepotismo, a declaração serviu para acordar a população.”

Para ela, é inadmissível continuar com o nepotismo, o clientelismo “e outro monte de ismos” no país. “Quando a pessoa elege um agente público, não elege a família dele”, argumenta. Rosângela sugere a realização de concursos públicos para o preenchimento dos cargos de confiança.

“Se o parente for competente, ele disputará o concurso e passará”, entende. A presidente da OAB sancaetanense endossa a opinião do presidente da seccional paulista da OAB, Luiz Flávio Borges D‘Urso, de que a população tem papel importante no combate ao nepotismo. “Somente a mobilização popular vai fazer essa medida passar e a lei ser aprovada”, acredita Rosângela Negrão, referindo-se ao projeto de lei que proíbe o nepotismo que aguarda votação na Câmara dos Deputados.

Mesma posição tem o presidente da OAB de São Bernardo, Fernando Guimarães. “Não tem sentido não envolver a sociedade. O papel principal é despertar no povo o sentimento de que o vereador coloca apenas parentes para trabalhar. Tem de ter concurso”, resume. Ele defende ainda campanha de esclarecimento do que é o nepotismo. “O fundamental é dizer porque (é condenável). A população não está devidamente esclarecida”, acredita Guimarães. Procurados pelo Diário, os presidentes das subseções da OAB de Mauá, Diadema e Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra não retornaram à reportagem.



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