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Pesquisa sobre malária usou cobaias humanas
Das Agências
21/12/2005 | 23:31
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A Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) atribuiu quarta-feira a realização de um experimento ilegal com ribeirinhos do Amapá a uma falha na tradução do projeto de um estudo sobre a dinâmica da transmissão da malária, feita por um pesquisador holandês que era professor visitante da USP (Universidade de São Paulo). A instituição negou que o projeto estivesse usando sistematicamente cobaias humanas, mas admitiu que, pelo menos uma vez, em junho de 2003, alguns dos 12 moradores selecionados para a pesquisa se deixaram picar por mosquitos selecionados por pesquisadores.

Segundo a epidemiologista da Fiocruz Mércia Arruda, uma frase do texto original em inglês previa o procedimento, permitido em alguns países, mas proibido no Brasil. Por causa disso, ao traduzi-lo para o português, Jaco Voorham suprimiu a frase. No entanto, o coordenador do projeto, Robert Zimmerman, da Universidade da Flórida, se baseou na versão em inglês para fazer a experiência em 2003. Mércia contou que, alertado de que o procedimento era ilegal, ele abortou o experimento imediatamente.

Chama a atenção, porém, o termo de responsabilidade, com carimbo da Universidade da Flórida, assinado pelos ribeirinhos. Ele também foi traduzido para o português. Em um dos tópicos reaparece a previsão de que eles deveriam alimentar cem mosquitos no braço ou na perna para o estudo duas vezes durante 2003.

O coordenador dos cursos de Biossegurança da Fiocruz, Silvio Valle, disse que a instituição não descarta que tenha havido má-fé dos estrangeiros, mas quer a apuração do caso antes de tirar conclusões.

A doença - A malária é uma doença infecciosa grave causada por parasitas que são transmitidos de uma pessoa para outra pela picada das fêmeas de mosquitos do gênero Anopheles. A transmissão é mais comum no interior das habitações, em áreas rurais e semi-rurais, mas pode ocorrer em áreas urbanas principalmente na periferia. Cerca de 40% da população mundial vive em áreas com risco de transmissão da malária, resultando em cerca de 300 milhões de pessoas infectadas no mundo a cada ano, mais de 90% em países africanos, com um número de mortes entre 1 milhão e 1,5 milhão. No Brasil, a existência da malária é registrada de forma esporádica pelo menos desde 1587. A partir da década de 1870, com o início da exploração de borracha da Região Amazônica, toornou-se um grande problema de saúde pública.




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