Elencos descaracterizados, inexperiência, falta de tom empresarial mais segmentado. A fórmula apontada por pessoas que fazem ou fizeram parte do futebol da região para explicar o sepultamento das equipes do Grande ABC logo na primeira fase do Campeonato Paulista é simples.

No São Bernardo, o comodismo pode ter sido um dos principais empecilhos. "Houve a soberba de quem subiu degraus muito rápido, mas não soube lidar com a elite. Trouxeram jogadores a esmo", afirma o jornalista Jurandir Martins. "Deviam ter trocado de técnico logo após o acesso da A-2. O Ruy (Scarpino) ficou estigmatizado e não desenvolveu o trabalho", emenda.

No São Caetano, detalhes fizeram a diferença negativamente. O time começou mal e lidou com altos e baixos durante boa parte do tempo. O fim foi coroado com a derrota humilhante para o Linense (2 a 0) dentro de casa, que culminou na eliminação da segunda fase. "Dos três, o São Caetano é o que mais tem experiência de Paulistão. Eles trocaram menos de técnico e, pela primeira vez em anos, deram cara para o time. Pena que erraram em momentos essenciais", avalia Sérgio do Prado, diretor de futebol do Palmeiras, que exerceu cargo durante 16 anos no Santo André.

Por falar em Ramalhão, a maior decepção. Os três tombos praticamente em sequência (quedas para Séries B e C do Brasileiro e A-2 do Paulista) já eram previstos. "Faltou ter mais tato e segmentar mais os aspectos da gestão. Não dá para levar futebol como se fosse empresa comum. É erro básico", comenta Martins. "Três descensos seguidos são raros, não tem como não abalar. Agora tem de começar do zero. A Série C (do Brasileiro) é torneio de tiro curto (começa em julho e termina em novembro). Cada dia equivale a uma semana e cada semana a um mês. Eles estão atrasados, porque não começaram o novo planejamento ainda ", destaca Sérgio do Prado.