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Empresários desconfiam de promessa feita por Lula
Anderson Amaral
Do Diário do Grande ABC
30/10/2006 | 23:00
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A promessa feita domingo pelo presidente reeleito Luiz Inácio Lula da Silva de que o Brasil crescerá 5% ou 6% no próximo ano foi encarada com descrédito por economistas e empresários do Grande ABC ouvidos pelo Diário. No entender dessas lideranças, o governo precisa superar alguns desafios para entrar em uma rota de desenvolvimento econômico sustentado, como reduzir os juros, cortar gastos públicos e promover reformas estruturais.

Para o economista e professor da Fundação Santo André, Ricardo Balistiero, o cenário composto por inflação em queda, superávit comercial e redução do risco país permite pensar em crescimento sem trazer de volta a inflação e, dessa forma, prejudicar a estabilidade econômica. Ele adverte, no entanto, que é necessário criar um ambiente que possa atrair o capital privado e, para isso, reduzir os juros e realizar as reformas tributária e da Previdência são providências indispensáveis.

O economista acredita que para que seja decretado o “fim da era Palocci”, como defendeu segunda-feira o chefe da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República, Tarso Genro, será necessário promover mudanças no BC (Banco Central). “O crescimento é possível ainda que o (Guido) Mantega siga como ministro da Fazenda. O problema está no BC, já que o conservadorismo da era Palocci ainda resiste lá”, disse.

Para Hermes Soncini, diretor da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) em São Bernardo, a tendência é de continuidade da atual política econômica, o que permite vislumbrar um cenário de baixo crescimento econômico no segundo mandato de Lula. Ele desconfia de que o governo tenha vontade política de realizar as reformas, sobretudo a tributária. “Escuto todo mundo falar disso, mas só o que vejo é aumento de impostos”, lamenta o empresário da região.

O vice-presidente da Acisa (Associação Comercial e Industrial de Santo André), Wilson Ambrósio da Silva, tem a mesma opinião. O empresário ressaltou que, ao crescer em níveis inferiores aos de outros países emergentes, o Brasil desperdiça condições externas bastante favoráveis. Destacou também que o crescimento mais vigoroso passa necessariamente pela redução da carga tributária, “que estrangula a economia”.



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