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Brasil tem 241 rotas de tráfico de mulheres
05/02/2003 | 23:30
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  O Brasil tem 241 rotas domésticas e internacionais de tráfico de mulheres que alicia, principalmente, mestiças e afro-descendentes de 12 a 24 anos. Desse total, 131 são rotas internacionais com destino a Espanha, Holanda, Alemanha e países vizinhos da América do Sul. Atraídas por melhores condições de vida, as mulheres têm o passaporte retido e vivem em cárcere privado quando chegam ao exterior.

Este é o resultado da Pestraf (Pesquisa sobre Tráfico de Mulheres, Crianças e Adolescentes para fins de Exploração Sexual Comercial no Brasil), promovida pelo Centro de Referência, Estudos e Ações sobre Crianças e Adolescentes. A coleta de dados ocorreu entre junho de 2001 a junho de 2002, por 130 pesquisadores que concluíram que por trás do tráfico de mulheres estão máfias e crime organizado.

A Espanha é o destino preferido pelas brasileiras, com 32 rotas. Em segundo lugar vem Holanda (11 rotas) e Venezuela (dez rotas). Os pesquisadores constataram que nem sempre o país de destino das mulheres traficadas é o ponto final da rota. Mulheres que deixaram Belém em direção ao Suriname acabaram na Holanda.

Na Região Norte, se observa um fluxo de mulheres do interior do Amazonas e do Pará para Roraima, de onde partem para os países vizinhos Venezuela, Suriname e Guiana. Es-ses países funcionam como entrepostos, de onde elas imigram para Espanha, Holanda e Alemanha.

 O Maranhão é outro ponto de partida importante para o tráfico de mulheres. Elas viajam para Belém, seguem para países vizinhos e depois para a Europa. Outra opção é sair de São Luiz para São Paulo ou Rio de Janeiro e então para a Espanha. Das duas maiores capitais brasileiras (SP e Rio) partem mulheres para Holanda, Itália, Israel, Portugal e Estados Unidos. Os pesquisadores se surpreenderam ainda com a quantidade de mulheres traficadas a partir de Goiânia com destino para a Europa e também de Uberlândia e Belo Horizonte para os Estados Unidos. Na Região Sul, os pólos de tráfico de mulheres são Uruguaiana e Foz do Iguaçu. Os destinos principais são Argentina, Paraguai e Chile.

Natal, Fortaleza, Salvador e Recife merecem destaque por estarem na rota do turismo sexual. Vôos charters trazem turistas alemães, suíços e italianos. Mas, para os pesquisadores, o turismo sexual camufla o tráfico de mulheres. Alguns se casam com as mulheres que, quando chegam ao exterior, descobrem que é um agenciador e suas fotos já integram catálagos apresentados a outros clientes, conta a coordenadora do Pestraf, Maria Fátima Leal.

A coordenadora-geral do Cecria, Neide Castanha, revela que o tráfico de mulheres no Brasil não conta com participação exclusiva de “gringos”. Os aliciadores, em sua maioria, são mesmo brasileiros.




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