Política Titulo Editorial
Prioridades da cidade
Do Diário do Grande ABC
03/02/2020 | 09:33
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No fim dos anos 1990, Diadema vivia uma epidemia de violência. Em 1997, computou 140 mortos a cada 100 mil habitantes. Dois anos depois, a média mensal de assassinatos atingiu a marca de 33 pessoas. O município era apontado como o mais violento do País. Alguns estudos colocaram Diadema como uma das localidades mais letais do planeta.


A situação exigia esforços em conjunto, até porque a escalada da criminalidade tomou proporções nacionais quando, em 1997, um cinegrafista amador gravou policiais torturando moradores da favela Naval. A segurança pública local estava no fundo do poço.


Uma das medidas pensadas partiu da então vereadora Maridite Cristóvão de Oliveira, mulher do ex-prefeito José Augusto da Silva Ramos. A dupla era ferrenha adversária política do prefeito à época, José de Filippi Júnior. As vaidades foram colocadas de lado na busca de sanear uma chaga que fazia Diadema sangrar e chorar.


A Lei Seca determinou que bares da cidade – à ocasião, 3.870 estabelecimentos – fechassem suas portas a partir das 23h. Eles só poderiam reabrir às 6h do dia seguinte. Na visão de Maridite, conceito esse compartilhado por Filippi, boa parte das mortes acontecia à noite e nos arredores onde era fácil o acesso à bebida alcoólica.


O que parecia ser apenas um instrumento paliativo – já que a insegurança é um problema que precisa ser enfrentado de um prisma amplificado – se tornou uma das políticas públicas mais efetivas no combate ao extermínio de diademenses. Em 2004, dois anos depois da vigência da Lei Seca, caiu para 11 o volume de mortes mensais na cidade. Em 2017, o município contabilizou 19 assassinados para grupo de 100 mil habitantes.


É diante desse cenário positivo que gera apreensão a decisão do atual governo de Diadema, de Lauro Michels (PV), em autorizar a expansão do horário de funcionamento de bares em nome de impulso econômico. A cidade enfrenta problemas financeiros, mas a segurança dos quase 425 mil diademenses não pode ser colocada em risco por esse motivo.




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