A saudável competição entre as montadoras está rendendo benefícios para o consumidor brasileiro. O exemplo mais recente desse novo panorama do mercado aconteceu durante o anúncio da nova linha da picape leve Fiat Strada, que começa a ser vendida no final desse mês. O novo produto recebeu atualizações no design, está com mais opções de motores, o acabamento está mais recheado de acessórios e, acreditem, o preço foi reajustado para baixo. "Essa redução de preço é resultado de um programa abrangente da empresa que envolve desde os funcionários até a rede de concessionários", afirma Cledorvino Belini, superintendente da Fiat, que escolheu a Serra dos Carajás, onde a Vale do Rio Doce extrai minério de ferro, como o cenário para a apresentação à imprensa do novo produto.

A razão dessa operação ousada tem um propósito. A montadora de Betim quer defender a liderança de vendas no segmento das picapes leves aonde sofre forte ataque da Chevrolet Montana, que, ao que parece, caiu no gosto dos picapeiros de asfalto, aqueles consumidores que adotaram as picapes como veículo de passeio, independente da sua configuração ser a de um veículo específico para levar cargas. Pudemos constatar durante avaliação do novo modelo por estradas de terra e pequeno trecho de asfalto, se as armas que a Fiat apresentou para esse novo round com a General Motors são suficientemente fortes para barrar o avanço da Montana e alavancar o propósito da Fiat, que planeja elevar sua participação no segmento de 26% para 30% até o final desse ano.

Além dos preços mais competitivos (veja matéria) frente aos das concorrentes (a Volkswagen Saveiro também está nessa briga, embora em posição de menor destaque), a nova safra da picape leve da Fiat traz o mesmo visual frontal já adotado no resto da linha. A diferença é que a picape recebeu detalhes desenvolvidos com exclusividade para esse produto que passa a oferecer três versões de acabamento (Fire, Trekking e Adventure) e duas motorizações (1.3 e 1.8), este último dotado da tecnologia de bi combustível. Para as duas primeiras versões ainda é possível escolher entre a cabine convencional e a estendida. A Adventure vem apenas com cabine estendida, cujo espaço é outro trunfo do modelo.

Durante a avaliação, pouco ou quase nada surpreende no desempenho da versão equipada com o motor Fire de 1.3 litro que rende 67 cv de potência. Já o motor 1.8 litro (108 cv com gasolina e 110 com álcool) proporciona força suficiente para tornar fogosa a picape de quase 1.100 kg. Ela cobre, pelo dados da Fiat, os 100 km/h, saindo da inércia, em 10s1 e é capaz de atingir os 180 km/h. As parciais da Fire 1.3 são 15s2 e 152 kmh.

Outro detalhe que chama a atenção é a proposta mais honesta da Fiat na "formatação" das diversas versões. A Strada Adventure, por exemplo, que sugere capacidade técnica de seguir mais além quando termina o piso asfaltado, conta com pneus "lameiros" que garantem aderência em trechos mais radicais. Itens como ajuste de altura do volante e sensores que indicam início de chuva também estão na lista dos acessórios possíveis do modelo.

Apostando no perfil diferenciado do consumidor desse produto, a Fiat, a exemplo do que fez a General Motors com a picape Montana, agregou itens de sedução e conforto à sua picape leve. "Nossa pesquisa aponta que 50% dos usuários da picape Strada nunca freqüentaram estradas de terra", afirma Carlos Eugênio Fonseca Dutra, novo Diretor de Planejamento e Estratégia de Produtos da Fiat Automóveis. Por isso a preocupação maior da empresa foi destacar as vantagens da cabine estendida, cuja área no "porta-malas" (espaço atrás dos bancos) comporta 290 litros, praticamente o mesmo volume oferecido no compartimento de bagagem do modelo matriz, o Palio.